“ZÉ TROVÃO”: Os mitos criados por Bolsonaro

O caminhoneiro se sente traído pelo seu criador, mas espera ao menos o reconhecimento de sua categoria.

Assim como os governos americanos criaram vários Bin Laden, ao longo da trajetória dos Estados Unidos de interferir em nações dominadas por ditadores, sob o pretexto de democratizá-las, mesmo na contramão Bolsonaro também é responsável por dar voz a uma turma do barulho.

A República estremeceu com narrativas de ideário de confronto, criadas pelo “staff” bolsonarista. Militares, evangélicos, católicos, ultraconservadores, ruralistas e parte do empresariado compõem o grupo que alimenta o discurso radical pró-Bolsonaro.

Além desses grupos, alguns indivíduos têm se destacado dentro deste contexto e mesmo agindo sozinhos ecoam suas propostas pelas redes sociais ou nas ruas. Um deles é o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão.

Para a categoria, ele é um novo mito. Mito que se sentiu traído e se rebelou contra seu criador – Bolsonaro.

Ele merece o respeito dos caminhoneiros, mas Bolsonaro o desarmou como quem desmonta uma bomba relógio – puxando os fios da diplomacia, após discurso de guerra que fez para conduzir seu exército à luta, nas trincheiras de rodovias.

Mesmo foragido, trancado num quarto de hotel, Zé Trovão gravou áudios incitando os atos da “Nova Independência”, no 7 de setembro e o fechamento de rodovias para forçar o fim da “ditadura do Judiciário”, o “risco comunista”, “ameaça à família”, “intervenção militar”, entre outras pautas defendidas pela ala extremista.

MITOS QUE BLEFAM

Foto: Paulo Lopes/ Futura Press/Folhapress

Assim como Bolsonaro blefou com os caminhoneiros, o novo mito Zé Trovão apostou alto ao ameaçar o STF e teve a prisão determinada por Alexandre de Moraes.

“Eu vou te fazer um convite, Alexandre de Moraes. Que tal você mesmo vir à Paulista no dia 7 de setembro e me prender? Estarei lá a sua disposição”, afirmou Zé Trovão pouco antes dos atos desta semana, aos quais não compareceu, conforme noticiou o portal OTempo.

Aliás, Zé Trovão estava no México, distante 7 mil km da Paulista. O blogueiro e caminhoneiro retornará ao Brasil, mas não tão mais “fechado” com o mito e poderá ser um estrondoso “fogo amigo” para o Jair da “Casa de Vidro”.

ABANDONADO POR BOLSONARO

De acordo com o portal, nesta quinta-feira, o caminhoneiro gravou um vídeo desabafando sobre ter tido sua “vida destruída” e ser “perseguido politicamente”. Ele criticou Jair Bolsonaro nas imagens, alegando não ter tido apoio.

“[Estou] passando por tudo com risco de nunca mais ver minha família, porque eu não vou para cadeia, porque eu não sou bandido. Nós queremos que o senhor fale para o povo brasileiro isso, que o senhor faça um vídeo”, concluiu.

Já em outro vídeo, Zé Trovão, afirmou que em breve será deportado para o Brasil.

“Em alguns momentos eu devo ser preso, não vou mais fugir. Chega”, disse em vídeo postado por ele em um grupo do Telegram.

“A embaixada brasileira acabou de entrar em contato com o hotel em que eu estou. Estou indo para o Brasil preso. Preso politicamente por crime de opinião”, completou.

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