A movimentação de bastidores, mesmo em período de quarentena, por causa de coronavírus direciona para um único caminho.
A percepção da mensagem textual traça um panorama visual do atual quadro político tupãense, considerando as implicações provocadas por questões de saúde pública.
Nunca na história local verificou-se a influência de endemia no resultado final de um processo político, seja no passado recente ou no presente. As perspectivas futuras, não são diferentes.
Há de se lembrar que José Ricardo Raymundo (PV), foi cassado por suposta ineficiência no combate da infestação do mosquito Aedes aegypti – transmissor de uma série de doenças, entre elas dengue, chikungunya e zika vírus.
Hoje, a pandemia da Covid-19, também poderá ser o “fiel da balança” nas eleições de outubro. Com o advento do coronavírus os ânimos estão à flor da pele, numa disputa velada envolvendo lideranças no âmbito da federação. O Brasil é uma federação constituída pela união indissolúvel entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.
Não à toa, em meio a grande repercussão sobre a doença que faz o país parar, assistimos o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se digladiando com os governadores pela liderança no processo de condução das ações durante a crise. Nos municípios, essa tendência não é diferente.
Se essa liderança cabe ao chefe do poder Executivo, o prefeito Caio Aoqui não perdeu nenhuma oportunidade, seja sequenciando o que herdou ou conduzindo o que lhe foi proposto. As últimas ações têm sido relacionadas a pandemia da Covid-19.
É certo que ainda aguarda situações pendentes quanto ao julgamento de mérito da questão que afastou Ricardo Raymundo, e até mesmo se haverá eleições em outubro ou o mandato será prorrogado em função da calamidade pública.
AGLUTINADOR
Ainda que para a oposição, Caio Aoqui tenha conspirado ao lado de vereadores contra Ricardo Raymundo, é inegável que ele tem demonstrado habilidade em aglutinar apoios.
Apesar de que em política tudo muda repentinamente, o atual quadro de pandemia tem servido para “isolar” pretensões de uma eventual oposição ao prefeito em exercício.
O PSDB, sob o comando do ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes, tem lutado pela sobrevivência, após enfrentar uma “venenosa” tentativa de golpe interno. Está mais seduzido a se render aos encantos, que ficar de fora do processo eleitoral.
Duas tendências são defendidas: Há proposta para o prefeito ir para o ninho tucano, ou o partido deixa de lançar candidato próprio e o apoia.
RENAN, VICE
Se por um lado Caio Aoqui é visto como um político promissor, há quem diga que lhe falta apelo popular. A ideia que os apoiadores querem “viralizar” é baseada na elaboração de um “coquetel” como antídoto contra essa suposta rejeição.
A fórmula desejada para alguns, é a união de Renan Pontelli (PSB) e Caio Aoqui. Neste sentido discutem PSDB, PSD, PSB e até o PL.
O partido liderado por Amauri Sérgio Mortágua tinha a pretensão de filiar Renan em sua sigla para tê-lo como candidato a prefeito, mas alguns integrantes também entendem que ainda lhe falta mais traquejo, mas em compensação, apresenta desembaraço na camada mais popular do eleitorado.
Dentro desta ótica, o PL apoiaria Renan nesta empreitada ao lado do atual prefeito. Juntos seguiriam para a eleição e para um possível governo compartilhado e de coalizão.
FORA DE PÁREO
Esse novo quadro da política local tem uma explicação óbvia: os grandes caciques políticos estão fora do páreo. Carlos Messas (PTB) disse ao blog o ano passado, que o momento é para quem é mais jovem. “Eu já tive essa oportunidade e a idade também chegou”, reconhece.
O empresário Manoel Gaspar, o único prefeito eleito para três mandatos e muito ativo em períodos eleitorais, enfrenta problemas de saúde.
Waldemir Gonçalves é inelegível e está com R$ 14 milhões em bens indisponíveis, mas tenta a todo custo influenciar no pleito, através do PSDB, que tem João Doria como governador. É mais um detalhe de afinidade entre a sigla e Caio Aoqui que defendeu a bandeira “BolsoDoria”, nas eleições de 2018.
Airton Pellin, ex-gerente da Sabesp, é sondado pelo PSDB desde 2004, quando Waldemir foi escolhido para a sucessão de Manoel Gaspar (MDB). Nas eleições de 2016, Waldemir procurou Caio para ser seu vice, mas o jovem político optou por fazer dobradinha com Ricardo Raymundo.
Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP), tem apenas uma preocupação – o que fazer para se reeleger com sua alta rejeição. Sem grupo forte para carrega-lo, o processo fica mais difícil.
Sabedor disso, soltou alguns balões de ensaio para testar a reação pública, com nomes novos, mas sem nenhuma expressão ou engajamento político, apesar de sobrenomes conhecidos.
DONADELLI
Já o ex-prefeito José Ricardo Raymundo mantém um grupo que pretende disputar as eleições com uma chapa de vereadores, mas não está descartada a possibilidade de um nome para a majoritária.
Segundo as informações, PV, PTB, PSL, PROS e Podemos estariam juntos visando as eleições de outubro. O PSL, que elegeu o presidente da República, é o partido do ex-vice-prefeito, César Donadelli.
Ainda quando estava em conversas com o pessoal de Ricardo Raymundo, aceitou convite de Caio Aoqui para ser secretário municipal de Saúde. Ele não esconde de ninguém o desejo de um dia ser candidato a prefeito, mas parece que o momento também não lhe é propício.
Enquanto isso, Ricardo Raymundo aguarda possível manifestação da Justiça sobre um pedido de liminar para voltar ao cargo de chefe do Executivo tupãense, o que alteraria toda a configuração política verificada neste artigo.
Por outro lado, tudo parou com a Covid-19, e essa situação mais uma vez favorece ao grupo situacionista, com a proximidade do pleito.
Em tempo, o ex-presidente da Câmara, professor Clauber Cláudio Gomes (PEN), garantiu que também é candidato a candidato a prefeito de Tupã.