Waldemir diz que o povo tem o governo que merece e vê ingratidão do eleitor

Depois de ser eleito, reeleito e, agora tentar fazer o sucessor, o prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) deu mais uma declaração descabida, “cada povo tem o governo que merece”, desabafou.

Em seguida emendou, depois de mais uma vez criticar a omissão da Câmara, “às vezes chego a pensar se valeu à pena tanto sacrifício meu para administrar o município”. É como se quisesse dizer que o eleitor é ingrato.

As palavras ditas pelo prefeito soam prepotência e arrogância. O discurso foi na tentativa de analisar o questionamento do vereador Valdemar Manzano (PPS) que garantiu não dar um cheque em branco para o vereador Antonio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP), sobre as alterações na Lei do Prodet – Programa de Desenvolvimento de Tupã, reformada para conceder mais incentivos a possíveis empreendedores que queiram se instalar em Tupã. Porém, Waldemir não disse que era sobre isso e, em seguida criticou a Câmara que não fiscaliza e apenas estaria discutindo partidariamente a questão da Lei de incentivos. Mas isso não é novidade nenhuma.

Tornou-se um circulo vicioso no Legislativo em que tudo que se aprova tem algum interesse obscuro por trás e, quando não aprova também tem. Haja vista a tentativa de intimidação feita por Danilo Aguilar Filho (PSB) e Augusto Fresneda Torres, “Ninha” (PSDB). Os dois apresentaram pareceres “contrários” as já rejeitadas contas do prefeito pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ledo engano, era de faz de conta. Fazia parte do jogo do G-4 comandado por “Ribeirão”. Assim o foi também quando da eleição da Mesa Diretora da Câmara. Ameaçou até eleger o único opositor. Manzano.

Foi apenas uma pressão até última hora, possivelmente para pressionar o prefeito a ceder alguma benesse que o grande público desconhece. Tanto é verdade que em seguida, durante a sessão, voltaram atrás da decisão. Aliás das duas decisões e, mais uma conta com parecer desfavorável foi aprovada. Manzano foi “usado” apenas para “pressionar” Waldemir.

Aí ouço o prefeito dizer que a Câmara é omissa e não fiscaliza. O povo tem o governo que merece. Ele se referia a ele? Eleito e reeleito pelo povo? Estaria insinuando que o povo teria que “engoli-lo”? De novo? Pior que isso foi dizer que “às vezes pensa que a cidade não merece” o esforço que ele faz, como se alguém tivesse pedido para que fizesse.  Para que fosse candidato à reeleição e, agora, já estivesse pensando em fazer do vice, seu sucessor.

Será que o eleitor tupãense (povo) merece o governo que tem ou o governo que aí está, merece o povo que tem? Eis a questão. O prefeito diz que é transparente, mas demonstra-se confuso quando quer dizer alguma coisa. O desabafo soa mais o desespero de alguém refém de um “esquema político” que o próprio governo criou e não consegue desvencilhar-se das amarras do G-4. Ao mesmo tempo cobra fiscalização da Câmara e teme ameaças das garras de bastidores dos parlamentares do grupo.

Alguns não têm sequer forças para fazê-las, estão no mesmo “barco”. Também são reféns das benesses administrativas: Valmir Zorato (PTB), Valdir de Oliveira Mendes, “Valdir Bagaço” (PDT) investigado por ser motorista fantasma no gabinete do prefeito. Depois vem Telma Tulim (PSDB) ex-líder do prefeito; Maria Lucilia Donadelli (PV), esposa do vice e Lucas Machado (PSDB) atual líder. Se estes não vão fiscalizar, quem o fará? Mas ainda restam outros cinco parlamentares “comprometidos” com o eleitor, a probidade e a retidão administrativa. Se os outros cinco estão no mesmo barco, o G-4 flutua e é levado pela marola de acordo com a direção do vento soprado pelos interesses deles próprios. Eu disse sobravam cinco, mas na verdade, restou apenas Valdemar Manzano Moreno (PPS) para fazer tudo sozinho. Logo, Waldemir também foi irônico quando exigiu fiscalização da Câmara sobre seus atos em relação às concessões e benefícios que poderá conceder aos supostos empresários que vão se instalar em Tupã.

Manzano bem que se esforça, mas é impossível fazer alguma coisa com a “bola de fogo” que desseca a moral e decência da política tupãense. Não é o povo que tem que acreditar que o homem público é bem intencionado. É exatamente o oposto. O ocupante de cargo público tem obrigação e dever de fazer e ser honesto. Dizer que o é, chega ser desmerecedor de crédito. São os atos e os fatos que falam por si só. Isso envolve também os seus comandados. Caso contrário, a situação é tão grave que beira numericamente ao título do documentário do ônibus 174. Virou Caso de Polícia.

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