Discreto, pouca conversa e arisco, o homem forte da licitação em Tupã (SP), comandou Arco-Íris com mão de ferro.
A Operação Esparrela realizada pela Polícia Federal, com diligências de busca e apreensão tem por objetivo encontrar informações que materializem ou não, eventuais crimes de fraude em licitações.
A notícia, divulgada pela comunicação Social da PF, na manhã desta terça-feira (6), acendeu o sinal de alerta junto ao núcleo duro do “staff” do prefeito Caio Aoqui (PSD), entretanto, ninguém tem coragem de falar abertamente.
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Esparrela, significa, dentre outras coisas, um tipo de armadilha de caça.
Os agentes da PF cumprem determinação da Justiça Federal e estão à procura de desvendar a suposta armação de direcionamento em processos licitatórios realizados pela Prefeitura de Tupã.
A investigação na Justiça Federal está em segredo de Justiça, porém, isso não impede concluir que o homem forte que administra esses procedimentos no município de Tupã, veio de Arco-Íris.
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Na vizinha cidade, Everton Nakshima foi secretário de Governo e comandou o município praticamente por 16 anos, incluindo as eleições e reeleições de seu sogro, José Luís da Silva, “Zé Luís” e Ana Serafim, respectivamente.
Mesmo após ser nomeado pelo prefeito Caio Aoqui, secretário interino de Administração, Nakashima ainda dava as cartas em Arco-Íris. Tornou-se uma referência pelo poder que exercia com mão de ferro.
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CHURRASCO DE RECEPÇÃO
Nakashima que já residia em Tupã, mantinha relacionamento estreito com o prefeito Caio Aoqui, que viveu sua infância em Arco-Íris.
Foi como cabo eleitoral mirim de Zé Luís, que o prefeito de Tupã iniciou sua trajetória meteórica na política.
A nomeação de Nakashima aconteceu numa quarta-feira, dia 19 de junho, vinte dias após a posse de Caio Aoqui, em 29 de maio de 2019, como prefeito em exercício, após a cassação de José Ricardo Raymundo (PV).
A indicação do então secretário de Governo em Arco-Íris, como secretário de Administração de Tupã, agradou fornecedores das duas prefeituras.
Naquele final de semana, Nakashima foi recepcionado com um churrasco de carne nobre, patrocinado por um entusiasta negociador de produtos de limpeza.
Questionado sobre a nomeação de um investigado pelo GAECO, o prefeito respondeu em texto via WhatsApp ao blog, de que a “contratação é por apenas dois meses, pra ele me dar uma mão aqui”, mas Nakashima segue no cargo há 3 anos e seis meses.
ESPARRELA
Discreto e de pouca conversa em público, aos poucos Nakashima foi se impondo dentro da administração de Caio Aoqui. Hoje, indiscutivelmente é um dos principais pilares de sustentação do governo.
Se desarmar a esparrela, a casa pode ruir.
Quem se opôs às suas ordens foi conduzido para um local afastado de suas funções. Esse foi o caso do funcionário de carreira Orlando de Oliveira. Ele era responsável pelo setor de compras da prefeitura e, por consequência, licitações. Orlando de Oliveira está hoje “encostado” no Almoxarifado da prefeitura.
Outro episódio que teve desfecho semelhante ao de Oliveira, teve início em janeiro deste ano e envolveu um dos procuradores do município, designado para acompanhar procedimentos licitatórios.
O advogado Tony Luiz Ramos teve um confronto de posicionamento com Nakashima, sobre um procedimento de licitação que culminou cancelado pelo prefeito após o fato.
De acordo com informações do Paço Municipal, o valor do contrato seria de cerca de R$ 11 milhões, para bancar a terceirização da varrição, capinação e etc., mas o desentendimento, culminou com o afastamento de Tony para a Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS).
Em julho, Tony pediu exoneração do cargo que ocupava e deixou a Secretaria de Assuntos Jurídicos.
De acordo com o portal da prefeitura, das 203 licitações processadas em 2022, pelo menos duas foram canceladas. É possível, que entre elas, esteja a referida.
Agora, a investigação da PF apura a contratação de prestação de serviços de cuidadores e encarregados de limpeza durante o período pandêmico de Covid-19, e eventual malversação de recursos públicos federais.
A fase ostensiva da Operação Esparrela, tem como alvo, pelo menos três procedimentos de licitação sob suspeita de supostos crimes, através de fraude de (nº 296/2020, 332/2020 e 345/2020).
GAECO
Entre amigos de trabalho mais próximos, Everton Nakashima é chamado pelo apelido de “GAECO”, numa alusão à sigla de identificação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público, pelo qual, o secretário foi investigado em Arco-Íris.
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Ele e seu sogro, o ex-vice-prefeito e ex-prefeito, Zé Luís são acusados de provocar prejuízos aos cofres públicos com a contratação sem licitação de institutos de pesquisas eleitorais e pagarem com dinheiro da prefeitura.
Apesar do suposto crime eleitoral praticado à época, em 2012, sogro e genro foram flagrados em grampos telefônicos do GAECO.
SENTENÇA
Esse processo ainda tramita em primeira instância no Judiciário e sua última movimentação, aconteceu em 1º de dezembro.
Nakashima, através de seus advogados tentou adiar a audiência que deverá resultar em sentença, mas teve o pedido indeferido.
– A ausência do correquerido Everton Nakashima não impede a produção da prova testemunhal, disse o juiz da causa e manteve a audiência para o referido dia, às 15 horas, na modalidade virtual. A sentença do caso, deve ser prolatada após o recesso forense.
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