A intriga aflorou o velho balcão de trocas articulado por Ribeirão, entre Executivo e Legislativo. Uma igreja evangélica é também pivô da discórdia.
O que se ouviu dos microfones do Legislativo ecoou pelas imagens da TV Câmara. Acusações de ambas as partes entre situação e oposição, sem nenhum lado revelar explicitamente o que de fato acontecia nos bastidores. Nas entre linhas, o apontamento era para possível troca-troca de favores e distribuição de benesses com indícios de corrupção mediante o uso de cargo público e distribuição de dinheiro para “arrebatar” apoios á força do poder.
Durante a discórdia, Valter chegou a mencionar pastor e igreja que supostamente teriam sido beneficiados com a saída de um dos vereadores da oposição. Dos dois vereadores que deixaram o G-9 – Grupo de 9 parlamentares de oposição, um deles é evangélico: Augusto Fresneda Torres, Ninha (PSDB).
Ninha nem bem havia feito a sua regimental citação bíblica no início da sessão, pedindo proteção divina e, de repente se viu no “olho do furacão” da fúria da oposição e situação. É que o vereador Ninha e o ex-pulmão corintiano Pedro Francisco Garcia, Tupãzinho (PSB) abandonaram recentemente o G-9 e retornaram à situação.
A situação ficou mais tensa quando o presidente da Câmara, Valter Moreno Panhossi (DEM) foi à tribuna para defender a tese de Luis Alves de Souza, Luizinho (PC do B) de que Ninha e Tupãzinho “não foram homens” suficientes para cumprirem com o que supostamente teriam prometido quando da eleição da nova Mesa Diretora da Câmara. Luizinho sugeriu que “os dois parlamentares teriam se vendido” para a situação.
Antonio Alves de Sousa, Ribeirão (PP) como líder da bancada saiu na defesa dos companheiros. “Quando eles eram da situação e foram para o seu lado, eles prestavam?”, questionou. Em seguida, foram também em socorro do time Luis Carlos Sanches (PTB), Rudynei Monteiro, Pastor (SDD) e Telma Tulim (PSDB).
Para contrapor ao ataque, Valter Moreno foi para a tribuna para confirmar que Ninha e Tupãzinho, tinham sim um compromisso de “homem” para sua eleição e durante os dois anos de seu mandato. Foi neste momento que afirmou que “teria sim, existido forte pressão de poder e até abuso de poder com a eventual tentativa de comprar votos para a eleição da presidência”. Telma retrucou: “Me tira dessa que não tenho nada com isso”. A réplica veio em seguida, “a senhora não escuta direito. A senhora não fazia parte do G-9. É só mais uma. Estou falando que a proposta foi feita para um dos vereadores do G-9”, enfatizou Valter. Assim o debate seguiu com tréplica, liga e desliga de microfone.
INOCENTE
A Igreja a qual possivelmente Valter Moreno fez referência é a que Ninha atualmente frequenta. Agnus. A agnus foi inaugurada há pouco tempo em Tupã com sede à Rua Tupis, 969, esquina com Lélio Piza. A Igreja Apostólica Graça para as Nações (Agnus), que significa inocente, santo, puro, cordeiro tem arrebanhado fiéis diante de anunciados “milagres” do pastor que a comanda. João Elias.
A propósito, no dia 23 de março, O vereador Ninha, entregou na Câmara moção de congratulações ao pastor João Elias, em virtude da fundação e inauguração do templo em Tupã. Coincidentemente, 20 dias depois, Ninha e Tupãzinho protocolaram a saída do G-9. Nos bastidores políticos informações dão conta que o pastor teria exigido a ida de seu fiel para a situação por “fidelidade” com o Executivo.
Quanto a Tupãzinho o jogo teria sido o mesmo e com o mesmo objetivo. Já Ninha, com apoio da igreja teria ocorrido o “milagre” da multiplicação da geração de emprego e renda, contando claro, com a aprovação do projeto. Valter teria sugerido da tribuna, emprego para familiares do pastor em troca do apoio ao Executivo. Tupãzinho correu no mesmo “meio de campo”. Cogita-se que teria havido até ajuda financeira, mas como demonstrado na sessão de ontem (4), ambos os lados sugeriram a criação de Comissão para investigar a denúncia, mas ninguém aceitou cria-la.
SABE DE NADA
Mas toda essa claudicante situação que expõe as vísceras do parlamento tupãense, deixando clara uma briga de poder envolvendo até uma igreja, um pastor e “suas ovelhas”, aparece aquele que nunca sabe de nada e não fez nada. “Eu desconheço isso, não pedi voto e não disputei eleição nenhuma”. A frase é de Ribeirão.
Às vésperas das eleições de 2012, o blog denunciou sobre balcão de trocas na Administração Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB), e vários vereadores saíram afirmando e exigindo do ex-prefeito explicações sobre supostas negociatas no seu gabinete. Assim defendiam Ribeirão, Luis Carlos Sanches e Danilo Aguilar Filho (PSB). A época, Ribeirão e outros haviam deixado a base aliada e partiram para a oposição. Acontece que esses mesmos vereadores sabiam que Waldemir jamais revelaria a verdade.
Agora, o mesmo balcão de trocas ressurge entre Executivo e Legislativo. Ribeirão e Ninha são velhos companheiros de jornada e, portanto, o articulador de toda essa jogada tem nome, mas não tem endereço. Quem voltou a ser líder da maioria e com poder renovado de barganha? Ribeirão! O mesmo tipo de assistência tem recebido Tupãzinho.
O pior de tudo isso é saber que o prefeito Manoel Gaspar (PMDB) continua se sujeitando a esse tipo de pelada política. Depois não sabe por que “desaprendeu” administrar. Aliás, ele mesmo teria reconhecido que tem sido incompetente, como teria admitido recentemente em reunião realizada em 14 de março em Marília, na presença da imprensa regional. O encontro foi promovido pelo prefeito de Marília, Vinícius Camarinha (PSB).
Gaspar possivelmente não “desaprendeu” e nem deixou de ser empresário de sucesso, mas como prefeito eleito pela terceira vez precisa caminhar melhor e melhor acompanhado. Caso contrário, a imagem ficará maculada como aquele que retornou para ser o salvador da pátria na vida real e se tornou um personagem fictício e cômico como Odorico Paraguaçu, vivido na televisão, pelo ator Paulo Gracindo.
Gaspar não tem o direito de fingir que não sabe de nada, há não ser que de fato esteja mudado mesmo, como propagou Ribeirão durante a campanha eleitoral de 2012.
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