O ex-secretário de Arco-Íris é acusado de crime contra o patrimônio público, mas para o governo de Tupã não há nada que impeça Nakashima de assumir a pasta.
Investigado pelo GAECO – Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, o ex-secretário de Governo de Arco-Íris, Éverton Nakashima foi nomeado nesta quarta-feira (19), secretário interino de Administração do governo Caio Aoqui (PSD).
Nakashima é genro do atual vice-prefeito do vizinho município, José Luís da Silva, “Zé Luís” (PTB). Os dois são acusados de provocar prejuízos aos cofres públicos. Contrataram sem licitação institutos e pagaram pesquisas eleitorais com dinheiro da prefeitura.
Com as pesquisas possivelmente manipuladas “Zé Luís” garantiu a vitória de sua sucessora, em 2012. Ana Serafim (PTB) foi eleita com 1.044 votos (58,49%) contra 741 votos (41,51%) de Geraldo Borges PMDB. O vídeo abaixo confirma o uso eleitoral de pesquisa patrocinado com dinheiro do contribuinte.
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A diferença foi de 303 votos apenas, mesmo com as pesquisas induzindo os eleitores de que Ana Serafim iria obter mais que o dobro de votos válidos que seu concorrente – 61,60, contra 30% de Borges.
Não é difícil pesquisas sob suspeita de fraude levarem uma parcela do eleitorado a acreditar que determinado candidato (a) está à frente e vai vencer o pleito. No caso da eleição em Arco-Íris, a diferença foi de 300 votos a favor de Ana Serafim, portanto, seu adversário ficou a apenas 150 votos para igualá-la no pleito.
Apesar do suposto crime eleitoral praticado à época, sogro e genro foram flagrados em grampos telefônicos do GAECO. O processo tem origem no Ministério Público (MP) de Pirangi, região de Ribeirão Preto e a investigação contra “Zé Luís” e Nakashima, em Tupã, esteve sob a responsabilidade do promotor Rodrigo Garcia.
Para o promotor, pelo conjunto da obra, fica claro que José Luís da Silva, com o auxílio de Éverton Nakashima, utilizou-se de dinheiro público para pagar as pesquisas. “Ora, por qual motivo as pessoas físicas e jurídicas custeariam, do próprio bolso, pesquisas eleitorais em diversas cidades do Estado de São Paulo? Qual a origem dos recursos destinados à manutenção dessas pesquisas que, somente em Arco-Íris custaram cada uma das 10 pesquisas R$ 10 mil, totalizando R$ 100 mil?”, questionou.
A ação movida pelo Ministério Público é de responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa.
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O ESQUEMA
O esquema funcionava da seguinte forma: uma das empresas envolvidas – Instituto de Pesquisas Realidade de Presidente Prudente, que tem como representantes Otílio Claudino de Araújo Júnior e Rose Mary Moreno de Araújo – realizava pesquisas eleitorais, e para ocultar o nome do prefeito contratante, a própria empresa de pesquisa aparecida em documentos como contratante e contratada.
Para obter o pagamento pela realização da pesquisa, empresas vinculadas às mesmas pessoas, como a Full Marketing e Pesquisas S/S LTDA, também de Presidente Prudente e representada Sidnei Antônio e Antônio Rodrigues da Silva eram contempladas com pagamentos feitos pelos prefeitos por supostos serviços de “consultoria”, “assessoria”, ou qualquer outra etiqueta que remeta a serviços que não se consegue medir.
Além do vice-prefeito de Arco-Íris e do atual secretário de Administração de Tupã, Éverton Nakashima, também são réus no processo Otílio Claudino de Araújo Júnior e sua esposa Rose Mary Moreno de Araújo e as empresas Editora Araújo Júnior LTDA ME, “Full Marketing e Pesquisas S/S LTDA foram réus em ação civil pública em Presidente Prudente e condenados, pelas mesmas praticas cometidas em Arco-Íris.
O OUTRO LADO
Acerca do ajuizamento de ação de improbidade administrativa por parte do Ministério Público em desfavor de Everton Nakashima, a prefeitura de Tupã considera que como não há nenhuma condenação e ele continua habilitado a exercer qualquer cargo público, não há fato concreto que possa ferir qualquer preceito legal que desabone a indicação de Everton Nakashima para comandar interinamente a Secretaria Municipal de Administração, tendo em vista sua capacidade no trato de questões pertinentes à administração pública, comprovadas ao longo dos 14 anos que atuou junto à prefeitura de Arco-Íris, de forma competente, com todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas e pelo Legislativo.
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