A cabeleireira denunciada pelo prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) desmentiu o chefe do Executivo tupãense e garantiu que não contratou o vereador e motorista Valdir de Oliveira Mendes, o “Valdir Bagaço”, como fantasma do gabinete e, muito menos para o seu salão.
Segundo ela, todas as contratações feitas, foram “legais” e eram através de parceria com o “Marcelo”. Mas, no seu quadro funcional, não existia nenhum funcionário chamado Valdir de Oliveira Mendes, apelidado por “Valdir Bagaço”.
Se sentindo injustiçada pela ação do prefeito, a cabeleireira pediu direito de resposta e conseguiu através do Poder Judiciário Paralelo e não perdeu a oportunidade para acusar a administração.
A cabeleireira foi contundente. “Se há alguém praticando alguma irregularidade seria o próprio prefeito”. No caso dela, todos os seus “contratados” apesar da promessa de que receberiam sem trabalhar, ninguém recebeu absolutamente nada. Nem horas extras por serviços não prestados aos sábados, domingos, feriados e em férias.
Salientou ainda, que as contratações que teria feito, não causaram nenhum prejuízo aos cofres públicos. Como os fantasmas que o prefeito manteve ao longo da administração ao seu lado e que hoje assombram a administração.
É que, segundo a cabeleireira, além de Valdir Bagaço, também estariam na mesma situação, ou estiveram, o ex-secretário de Agricultura Lázaro Rodrigues dos Santos Filho; o ex-vereador Airton Batistete, o ex-secretário de Agricultura, Edson Schiavon e uma porção de advogados.
Quanto à acusação de que Valdir Bagaço teria sido motorista dela, a cabeleireira, também observou que pode até em algumas situações ter usado os serviços do motorista, mas disse que era tudo verbal e, portanto, não teria como ninguém comprovar se é verdade ou não. Era tudo extra-oficial, assim como no gabinete do prefeito.
Mas a reportagem descobriu que a cabeleireira mentiu tanto quanto o prefeito. A única verdade é que o salão funcionava da mesma forma como no Paço; parecia à Casa da “Mãe Joana”.
Testemunhas, arroladas como de defesa garantiram que Valdir Bagaço era quem marcava horário no salão e aparecia de surpresa, mesmo sem ser convocado pelo superior, o secretário de Governo Adriano Rogério Rigoldi.
Ele se esforçava e defendia sua prestação de serviço com voto “sim” ou “não” dependendo da situação. Assim como afirma que trabalhava dirigindo para o prefeito, Valdir Bagaço garante que também comparecia no salão e muitas vezes, prestou serviços ao prefeito e a cabeleireira ao mesmo tempo.
Apesar de todo esforço, mesmo em férias, não deixava ninguém na mão.
Ao contrário, dirigia e tirava as cutículas ao mesmo tempo em que atuava como vereador. Era multifuncional.
Todo o esforço foi recompensado por Waldemir que criou até, como disse à imprensa um projeto para o motorista tocar. Chamava-se “desperdício zero”. Zero no trabalho e desperdício total do dinheiro público.
Por outro lado, a cabeleireira tem razão. Waldemir não é tão santo assim como apregoa. Ela lembra que pode ter até feito algumas contratações irregulares; mas nenhum dos contratados ficará para a eternidade no serviço público.
Teria sido tudo “contrato temporário”. “Pior teria feito o prefeito que fez concurso público para apenas uma vaga e passou as suas secretárias em primeiro lugar; já até assumiram temporariamente o cargo, para garantir o futuro”, desabafou a cabeleireira.
Ela também afirmou que vem sendo perseguida politicamente. Engraçado e o prefeito Waldemir Gonçalves Lopes ainda chamou a Polícia para a cabeleireira que não gastou nada do dinheiro público e nenhum contratado dela, recebeu pelos serviços não prestados.
Outra diferença dos contratados da cabeleireira para os contratados do Waldemir é que os funcionários dela existiam e queriam trabalhar. Já Valdir Bagaço, como contratado do prefeito, fingia não existir e fingia que trabalhava. Só comparecia para assinar o próprio ponto, mesmo estando em dois lugares ao mesmo tempo. É fantasma mesmo.
Cheguei então a seguinte conclusão: a cabeleireira é inocente. Valdir Bagaço é o “boi” e Waldemir morde igual piranha, mas não engole e garante que ainda vamos engoli-lo por muito mais tempo, parafraseando Zagalo.
Macacos me mordam, diria o colunista da Folha de São Paulo, José Simão, o “Macaco Simão”. Por via das dúvidas, entre a piranha e o macaco, eu diria, Prende o cachorro ou o fantasma. O Scooby Doo morre de medo dele.
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