ESQUERDA, VOLVER: campanha de Bolsonaro em Tupã é comandada por sindicalistas e tucanos

A polarização no âmbito nacional não deve afetar campanha do sindicalista Luiz Carlos Motta e do ex-petista Thiago Santos em Tupã (SP).

Vaccarezza, Thiago Santos e Alexandre Padilha

As eleições deste ano para presidente da República e governadores deverão revelar situações antagônicas em vários cenários país afora.

Na contramão da polarização entre direita e esquerda, aqui em Tupã, por exemplo – “direita, volver”. Estamos vendo de tudo. Não há dicotomia.

O partido que abriga o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) apresenta candidaturas de um sindicalista (federal) e do ex-vice-prefeito Thiago Santos (estadual) praticantes de doutrinas consideradas esquerdistas.

Tucanos Waldemir, Rodolfo Costa e Silva e Feliciano

Além disso, a campanha do Partido Liberal é comandada por tucanos de carteirinha: Luiz Antônio Feliciano (atuou por mais de 20 anos no governo do PSDB em SP), Waldemir Gonçalves Lopes (ex-prefeito) e Ayrton Pelim, ex-gerente da Sabesp e ex-coordenador de campanhas de Rodolfo Costa e Silva (ex-superintendente da estatal).

Os tucanos são “repudiados” pelos bolsonaristas por conta da decepção que tiveram com João Doria (BolsoDoria), eleito governador de São Paulo pela maioria dos próprios eleitores do presidente.

Se não bastasse tudo isso, Geraldo Alckmin – eterno tucano, migrou para o PSB e foi confirmado vice na chapa de Lula.

Para o sindicalista Luiz Carlos Mota (Fecomerciários) o partido agora é o “PT – Partido de Tupã”. Segundo ele, a política nacional não interfere na esfera local, mesmo a disputa sendo em âmbito federal.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

A sucessão de Caio Aoqui, já está em jogo, e passa pelas mãos de Ribeirão

A composição articulada não visa apenas as eleições de 2022, mas está em pauta as eleições municipais de 2024. É este contexto que coloca no mesmo “ninho”, a sigla que atualmente defende interesses da extrema direita e candidatos de viés ideológicos de esquerda e centro, como Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP).

A análise é simples, e considera que o candidato a deputado federal Luiz Carlos Motta, atua como sindicalista e defende a classe trabalhadora.

Na mesma situação está o candidato que faz dobradinha com Motta, visando a Assembleia Legislativa de São Paulo. Thiago Santos presidiu recentemente o PSB, e esteve no PT, como assessor do ex-deputado federal Cândido Vaccarezza e, em 2012, como vice-prefeito na eleição de Manoel Gaspar (in Memoriam).

COORDENAÇÃO

Pelim, Caio e Feliciano

Os coordenadores da campanha de Motta e Thiago Santos não veem empecilho no decorrer da campanha, mesmo considerando a polarização e o fato de os candidatos serem de viés ideológico diferente da nova linha adotada pelo PL – que abriga no cenário nacional um candidato de extrema-direita.

Enquanto Bolsonaro defende ideias liberais e, puxa mais para o lado patronal, Motta como sindicalista da Federação dos Comerciários se coloca em lado oposto e vive um paradoxo – contrariando a lógica de sua trajetória.

A verdade é que esse fato gerou a necessidade de afastar ao menos no cenário local, o principal braço direito de Motta – o ex-vereador Amauri Sérgio Mortágua – advogado e presidente do Sindicato liderado pelo deputado federal.

Motta e Mortágua

Mortágua é quem dá as ordens de atuação do Sindicato dos Comerciários em Tupã e na região centro-oeste.

Para não parecer o contrário, no dia do lançamento do debate sobre o futuro de Tupã, prestes a completar 100 anos de emancipação político – administrativa, o presidente do Sincomerciários cumpria agenda na Costa nordestina, bem distante do palanque do PL.

Apesar disso, sua ausência confirmou a estratégia da legenda de que ao menos no âmbito regional é preciso desvincular a imagem sindical que representa Mortágua, na defesa dos interesses de Luiz Carlos Motta.

Ninguém sabe se vai dar resultado essa miscelânea de estratégia, visando as eleições municipais de 2024, a de dezembro da Câmara de Tupã, e para deputados estadual e federal, em outubro.

Por outro lado, o resultado das eleições de outubro, com certeza influenciarão nas urnas dos pleitos do Legislativo, e repercutirão na sucessão de Caio Aoqui (PSD), outro que também nasceu no ninho tucano e por questão de sobrevivência política, se aliou à extrema-direita.

Leia também: Militares, empresários e políticos conspiram para tirar Bolsonaro das eleições

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *