Exame grafotécnico poderá apontar quem assinava ponto no gabinete

A sindicância instaurada pela Câmara de Tupã (527 km de São Paulo) região da Nova Alta Paulista, para investigar o vereador Valdir de Oliveira Mendes, “Valdir Bagaço” (PDT), acusado de ser funcionário fantasma enquanto prestava serviços como motorista do prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB), terá uma missão difícil para identificar quem assinava o ponto de presença do servidor.
Sabe-se que ao ser transferido do Legislativo para o Executivo, a responsabilidade de fiscalizar a assiduidade do funcionário seria do gabinete do prefeito. “Bagaço” estava sob a responsabilidade do secretário de governo, Adriano Rogério Rigoldi. Sem de fato ter trabalhado, o gabinete informava em planilhas que o motorista cumpria com todas as obrigações e ainda fazia horas extras, sábados, domingos, feriados e trabalhava até em férias.
A Sindicância apurou indícios de irregularidades e, por isso, foi aberto um processo administrativo que ao final da investigação, poderá comprovar quem efetivamente assinava presença do funcionário público.
Há suspeitas de que o controle era feito pelo próprio motorista que, também como vereador, usaria a assessoria dele, no Legislativo para preencher o documento. Portanto, só um exame grafotécnico poderá comprovar efetivamente quem assinava o documento.
A sindicância foi instaurada depois de denúncias da imprensa. O promotor de Justiça José Luiz Lopes Valverde, encaminhou ofício à Câmara solicitando informações se as denúncias estavam sendo apuradas e, em caso de positivo, uma vez concluída, que a documentação seja encaminhada ao Ministério Público.
Enquanto seguem as investigações, “Valdir Bagaço” foi afastado do trabalho na prefeitura e na Câmara. O presidente do Legislativo não cedeu ao pedido do prefeito que o queria por mais uma temporada prestando “serviços” ao Executivo. Caso o processo administrativo entenda que o funcionário incorreu a erro, poderá ser punido com a perda do cargo de motorista que ocupa na Câmara.
Em seguida, como vereador também poderá sofrer sansões que podem culminar eventualmente com a perda de mandato. O Executivo, também pode responder concomitantemente por possível improbidade administrativa.
Tudo isso começou quando, os demais vereadores não queriam que “Valdir Bagaço” atuasse como motorista. Os vereadores entendiam que como “Valdir Bagaço” também era vereador acabava sendo privilegiado com informações que os demais não queriam que ele soubesse.
Para resolver o impasse, “Valdir Bagaço” eleito pela oposição, pediu ajuda do prefeito Waldemir Gonçalves Lopes, no sentido de que os seus serviços fossem requisitados pelo Executivo. O prefeito vendo a oportunidade de contar com o voto de apoio do motorista/parlamentar à administração, o requisitou para ser transferido para o gabinete. Mas desde que isso se efetivou, nunca trabalhou como motorista. Apenas recebia, tinha horas extras; recebia diárias da Câmara na atuação como parlamentar em viagem e, documentos apontam que mesmo estando em Brasília, “Valdir Bagaço” também estava em Tupã, dirigindo para o prefeito. Troca perfeita.

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