Lobista é a pessoa que pratica lobby político, ou seja, manipula as negociações nas instâncias dos poderes da esfera pública para benefício próprio e de seus aliados, ou ainda para prejudicar os adversários. Rudynei alegou “foro íntimo” na carta de renúncia e provocou a ira de eleitores nas redes sociais.
Bruno Zamai estava se sentindo decepcionado.
“Espero que os eleitores do Pr. Rudney sintam vergonha, pelo menos, de terem votado nele e que se lembrem pelo resto da vida deste seu ato de covardia e descompromisso com a cidade… trará de volta à Câmara o que há de pior no meio político… nenhuma cidade merece ter um ser asqueroso desse encostado no legislativo municipal… sai um vereador péssimo e entra um ainda pior…”, desabafou o internauta.
O prefeito José Ricardo Raymundo (PV) até tentou, mas não conseguiu viabilizar o apoio de Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP), quando permitiu a abertura de seu governo para outros partidos.
Num primeiro momento chegou a ser discutida a hipótese de Rudynei assumir uma das Secretarias para permitir o retorno de Ribeirão. Caso isso acontecesse, o suplente apoiaria a administração, mas as negociações emperraram e as decisões tomaram rumos diferente.
Entretanto, a partir do momento da renúncia de Rudynei, como titular da cadeira, Ribeirão vai fazer o que bem entender, e disso ele entende muito bem. Como lobista, sem nenhum pudor, vai fazer o que for possível para se beneficiar da condição de vereador de sétimo mandato.
Quando se junta em lobby Ribeirão é capaz de propostas das mais indecorosas para alcançar seus objetivos. Sua última passagem pela presidência da Câmara foi marcada por irregularidades que podem lhe custar a cassação de seus direitos políticos, de acordo com denúncia do Tribunal de Contas do Estado.
Aliado ao ex-prefeito Manoel Gaspar (PMDB), Ribeirão exigiu sua eleição à presidência do Legislativo. Gaspar não mediu esforços. Atendeu a todos os pedidos de Ribeirão, que contou com um forte sensibilizador – o empresário Gustavo Gaspar (PMDB).
Insaciável pelo poder e ávido por exibi-lo, Ribeirão sempre manipula parlamentares, se associa a prefeitos em situações nada recomendáveis, e tenta por meios da pratica de corrupção ativa e passiva os seus próprios dividendos.
Na política, em particular, a corrupção é o “uso do poder público para proveito, promoção ou prestígio particular, em benefício de um grupo ou classe, de forma que constitua violação da lei ou de padrões de elevada conduta moral”, define Calil Simão, jurista brasileiro e presidente do Instituto Brasileiro de Combate à corrupção.
Esses artifícios são recorrentes nos meios políticos como tornou-se explícito com o advento da Operação Lava-Jato desenvolvida pela Polícia Federal. Em menor proporção, também acontece com frequência nos mais de cinco mil municípios brasileiros.
EFEITO RIBEIRÃO
O retorno de Ribeirão ao Legislativo tupãense já provocou rumores de descontentamento entre situacionistas e opositores. Os dois lados o veem com desconfiança. Enquanto um dos lados sabe que ele não é de confiança o outro tem certeza e vice e versa. A primeira confusão fica estabelecida com a tentativa do parlamentar de se apoderar do gabinete de Rudynei Monteiro.
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O pastor interviu a favor de Ribeirão para repassar o gabinete com dois ambientes, mas o presidente da Câmara, Valter Moreno Panhossi (DEM) garantiu ao blog que não haveria privilégios pelo fato de Ribeirão ocupar o sétimo mandato.
Segundo ele, a prioridade era para os vereadores reeleitos e eleitos e, em segundo plano, os suplentes. O gabinete de Rudynei havia sido solicitado pelo também pastor Osmidio Fonseca Castilho (PSB).
Mesmo sabendo disso, e de ter negado em entrevista à Rádio Tupã de que não exigiu nenhuma sala com dois ambientes, na manhã de hoje (13), mesmo antes de Rudynei protocolar oficialmente a renúncia (às 11h12), Ribeirão acordou cedo para se acomodar no referido gabinete.
Como o pastor Castilho já sabia do fato através do blog prometeu resistir a investida de Ribeirão, mas o PSB entende que não seria necessário um entrevero desses. Durante reunião entre alguns integrantes do partido para discutir a crise do gabinete, o pastor e cabo Castilho não teria sido localizado pelos companheiros de partido.
Ao blog, Valter Moreno insistiu na manhã de hoje de que não existiria possibilidade legal de Ribeirão passar à frente dos outros.
FATO HISTÓRICO
A última renúncia aconteceu há 42 anos. Foi em 19 de fevereiro de 1975, após um desacordo sobre a eleição da presidência da Câmara, o advogado Pedro Mudrey Bassan renunciou e foi convocado o 2º. Suplente Josmar Guandalini.
Em sua coluna “Fragmentos” da história de Tupã no jornal Diário, o funcionário público David de Castro relembra que a “Câmara Municipal de Tupã, no período 1956/1959, era constituída por 17 vereadores. Abud Gantus não chegou a tomar posse: antes formalizou sua renúncia. Em seu lugar tomou posse Francisco Servilha Morente, 1º suplente do PDC [93 votos]. Na foto, Abud Gantus é entrevistado por Ronaldo Goy, da Rádio Clube de Tupã.