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Voz do Brasil: O voo e o silêncio de Rudynei

“Quem tem asas, precisa voar”, diz Ribeirão. Por outro lado, ele pretende “pousar” na Câmara de Tupã. 

Para Ribeirão, Rudynei "sonha em voar alto"
Para Ribeirão, Rudynei “sonha em voar alto”

Em Brasília, sete horas. Foi neste horário, na manhã de hoje (8), que o pastor e vereador Rudynei Monteiro (PP) foi cumprimentado num estabelecimento comercial nas proximidades do Terminal Rodoviário de Tupã. Meia hora mais tarde chegou o ex-vereador Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP). Os dois tomaram um rápido café, e saíram para um único veículo. Destino: São Paulo.

Entre um aceno e outro para populares, um interlocutor questionou sobre as reportagens do blog a respeito da possível renúncia. Ribeirão antecipou-se a Rudynei e disse “quem tem asas, precisa voar”, referindo se ao deslocamento que conduzirá o pastor a novos horizontes na capital paulista.

Quem assistiu a sessão ordinária da Câmara na segunda-feira, dia 6, percebeu o silêncio do parlamentar Rudynei Monteiro. Mas não é um recolhimento de águia preparando-se para alçar voos mais altos. É um sentimento de melancolia – abatimento mental e físico ao que foi submetido pela fidelidade que jurou ao Ribeirão, durante entrevista à Rádio Tupã.

Por mais que Ribeirão tente caracterizar que não tem nada com a decisão que Rudynei está tomando, e que o objetivo do titular da cadeira é crescer profissionalmente, vem a pergunta que não quer calar: ora, por que renunciar? Basta ir, se não der certo, volta. Não, Ribeirão voltou atrás de sua decisão de não querer entrar na Câmara pelas portas do fundo, mas ficar na mão, não!

A VOZ DO BRASIL

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A sessão passada foi tão monótona com discursos e frases sem nenhum nexo com a realidade local, que o principal destaque foi o silêncio de Rudynei. Ele “quebrou” o insípido barulho de conversa fiada e calado expressou mais que os próprios discursos inflamados que faz contra o atual governo e a falácia vazia e maçante do G-10.

A maioria falando na Câmara, é como a Voz do Brasil – todo mundo sabe que existe, mas ninguém presta atenção. Só para contrariar, até a Voz do Brasil virou destaque no Legislativo tupãense. Foi veiculada uma matéria do Senado que trata sobre o relatório final da CPI que afirma a inexistência de déficit na Previdência.

MAGOADO

Rudynei na sessão do silêncio
Rudynei na sessão do silêncio

Já a voz de Rudynei às vésperas da renúncia não ecoou no plenário da Câmara. Quieto e cabisbaixo o parlamentar sabe que deve satisfações à população, mesmo agindo ao contrário. Aliás, a intenção de Rudynei é mesmo a de ficar em silêncio. Ele não gostaria de demonstrar sua mágoa com os evangélicos.

Para terceiros, o pastor confidenciou que se sente traído pelo público evangélico. Os 603 votos foram insignificantes perto do esforço que fez para ajudar 74 igrejas, através do Conselho de pastores. No governo compartilhado de Manoel Gaspar (PMDB) e Ribeirão, Rudynei foi o líder do prefeito.

Ribeirão carreou todo o esforço para agradar o seu pupilo. O ex-vereador Luis Alves de Souza (PC do B) chegou a citar da tribuna que “se vender por salsicha e pão, também era corrupção”. Por causa disso, Rudynei o processou. Luis Alves insinuava a distribuição de cachorros-quentes para os eventos das igrejas fornecidos pela prefeitura ao líder de Gaspar.

NO AR

Luis Alves denunciou a farta liberação de pão e salsicha no governo Gaspar
Luis Alves denunciou a farta liberação de pão e salsicha às igrejas, no governo Gaspar

Como disse numa entrevista ao programa Rotativa no Ar – da Rádio Tupã, Ribeirão sobrevive de muito mais que pão e salsicha. Enquanto Ribeirão trabalhava com informação direta da fonte, abastecia Rudynei para agradar as entidades, através da municipalidade. Ele tinha certeza que Rudynei iria conseguir uma expressiva votação e, consequentemente, o arrastaria dentro da coligação para o seu sétimo mandato de parlamentar.

Ribeirão também garantiu santinhos, cabos eleitorais, carro de som e algum recurso para alavancar a campanha de Rudynei. As despesas teriam somado R$ 75 mil, segundo Rudynei. Enquanto isso, Ribeirão fez campanha regional em nome do PP. Perdeu lá fora e em Tupã.

 

GASTOS DE CAMPANHA

O portal http://divulgacandcontas.tse.jus.br desmente a tese de Rudynei sobre gastos de campanha. O parlamentar também já usou este argumento para justificar sua renúncia. “Se nesta campanha de 2016 gastei R$ 75 mil, o quanto não vou precisar gastar na próxima”, argumenta ele. Na verdade, o limite máximo de gasto determinado pela Justiça Eleitoral era de R$76.662,38

Rudynei gastou apenas R$ 15.831,80, dos quais R$ 10.486,30 foram de recursos recebidos, entre doações de pessoas físicas e da campanha do candidato a prefeito e de serviços prestados e estimáveis que totalizaram R$ 5.345,50.  O maior doador de campanha foi o próprio pai dele – Clodonei Monteiro da Silva – R$ 5 mil.

Independente de ajuda antes ou durante a campanha, Rudynei foi mais votado que Ribeirão que obteve apenas 568 votos.

Rudynei usa a suposta traição dos evangélicos como muleta para justificar que não deve satisfação nem mesmo para os fiéis. Mas, é fato que 80 por cento dos votos válidos dos evangélicos foram para outros candidatos.

A maioria do público alvo de Rudynei votou no pastor Eliézer Carvalho (PSDB) – 1343 votos. Rudynei conquistou 603, mas foi seguido de perto pelo pastor Osmídio Fonseca Castilho (PSB), com 601, e Augusto Fresneda Torres, o “Ninha” (PMDB), com 595 votos. Ninha também recebe grande parte de votos dos evangélicos. Logo, Rudynei recebeu apenas 20 por cento dos votos válidos do público evangélico.

Leia também: Cadê o dinheiro que tava aqui? Vereadores bateram boca e quase se agrediram

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