Por Jesus Guimarães/Diário
Quando se pensa que Bolsonaro atingiu o máximo do esculacho, ele consegue ir além sem se importar com a responsabilidade do cargo que exerce ou com o respeito que deve ao povo brasileiro e sua história.
Na capital do País, diante de milhares de pessoas fantasiadas, metade trazida de longe de ônibus gratuitos, mais verba para alimentação, ele não cumpriu o inescusável mister de dissertar sobre a importância da data em que se comemorava duzentos anos desde que os portugueses que aqui nasceram, mais mamelucos e mulatos, resolveram afrontar de vez o jugo lusitano.
Preferiu, isto sim, falar sobre si próprio, discorrer sobre a beleza de sua mulher, beijá-la na boca despudor para, em seguida, declarar-se imbrochável – aquele que jamais fraqueja diante de uma fêmea – incitando a patuleia a acompanha-lo num coro indecente: imbrochável, imbrochável, imbrochável!
Não se falou em Pedro I, muito menos em seu coração transatlântico para cá transportado por sugestão da doutora Nise Yamaguchi (conforme ela informou), médica que indicava cloroquina para salvar-nos da Covid-19.
A história nos ensina que entre as estratégias fascistas para dominação de um povo está a de impingir ao líder o dom do vigor sexual absoluto, predicado que ressalta sua força de macho alfa perante aos demais.
O líder não precisa ser mesmo assim, mas tem que parecer. É grotesco? Sim, asqueroso, mas o que de fato se confirma é que Bolsonaro segue a cartilha fascista ponto a ponto.
A imprensa internacional pererecou para traduzir o significado do termo. Não têm vocábulos com a malícia necessária para corresponder ao neologismo brasileiro. De qualquer forma, o mundo registra mais uma patacoada do presidente brasileiro. Os chefes de estado que compareceram à festa em Brasília se mancaram, mas devem ter regressado a seus países estarrecidos.
Bolsonaro nesses meses que antecederam o Dia da Independência sempre deixou claro que iria virar a mesa; convocou o povo para ir às ruas “pela primeira vez”, todavia, parece ter afinado. No segundo turno seria mais fácil, pois restaria apenas a eleição presidencial a ser contestada e cancelada pela força.
(*) Jesus Guimarães é professor, bacharel em direito, funcionário aposentado do BB e ex-prefeito de Tupã. E-mail: zuguim@uol.com.br
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