Brasil, Joga pra nós!

“O campeão voltou”. Voltou no tempo. Do “Maracanaço” ao “Mineiraço”. Milhões de crianças nunca viram a Seleção ficar em terceiro lugar. A última vez que o Brasil conseguiu a façanha foi em 1978. “Brasil, joga pra mim!”

Foto: Facebook Marcelo Colucci
Foto: Facebook Marcelo Colucci

Os torcedores permaneceram divididos antes de a bola rolar nesta Copa do Mundo. A divisão era entre o ódio e o amor. Alguns diziam que não iria ter Copa, enquanto outros garantiam que assim que a bola rolasse todo impasse seria dizimado. Dito e feito. Afinal protesto é o ato de reivindicar alguma coisa e futebol “não se faz com hospital”, disse o fenômeno Ronaldo. Dentro de campo o que vale é bola na rede. De preferência na rede adversária, mas, infelizmente levamos “nas costas” todas as bolas “do mundo”.

Assim, o Brasil perdeu duas Copas! Perdeu dentro de campo e fora dele. A imagem que agora fica petrificada no semblante do brasileiro que de fato foi o único que tornou digna a competição e demonstrou civismo na hora do Hino Nacional. Os brasileiros que também indignados ofenderam a principal mandatária do país, deram um show. Cantaram: “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor…”. O torcedor vestiu a camisa e bradou: “O Campeão voltou…”. Voltou. Voltou no tempo. Retroagiram 64 anos e nos fez lembrar-se de 1950 na derrota para o Uruguai por um (1) a zero, jogo que ficou conhecido como “Maracanaço”. Do Maracanã ao “Mineiraço”. 7 a 1 para a Alemanha.

Foto/Divulgação
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Dois goleiros foram protagonistas desses fracassos: Barbosa no “Maracanaço” e Júlio Cesar no “Mineiraço”. O primeiro foi lembrado pelo gol que tomou e o segundo será lembrado pela eternidade pelos sete (7) gols que tomou.  O Júlio não foi culpado e dê a César o título que lhe pertence. Foi herói na classificação obtida nos pênaltis contra o Chile. Na ocasião, já havia demonstração inequívoca de que uma disputa nos pênaltis era temerária para a Seleção. Os batedores não demonstraram confiança e sem as defesas de Júlio César, o Brasil já teria ficado pelo meio do caminho. Aquela derrota talvez fosse menos sofrida.

Ainda que tivesse havido uma choradeira danada, mas a dor já teria passado e a cicatriz não marcaria tanto como agora. Será que o Brasil chorou na hora errada? É possível! Ontem o choro foi adormecido. A lágrima “enroscou na garganta” até do mais pessimista. “Nem o mais pessimista torcedor acreditava nisso”, enfatizava o narrador Galvão Bueno. Eu conheci alguns não pessimistas, mas realistas. Eu mesmo era um deles. Mas existiam mais. A Seleção não jogou pra mim. Jogou ontem (8) para o Neymar. Foi isso que ouvi o tempo todo sendo falado pelos jogadores. “Neymar vamos jogar pra você!”. Então tá. Cada um pra sua casa ou vai pra casa do Neymar jogar no campinho de futebol da baixada Santista. Ainda bem que o time do técnico Felipão só jogou para o Neymar. Menosprezou a Alemanha.

SCOLARI

Foto/Divulgação
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Sempre admirei o técnico da Seleção Brasileira Luiz Felipe Scolari, mas ultimamente ele fugiu à regra e literalmente pisou na bola. Primeiro disse que o time era dele e que escalava quem ele quisesse e se não se classificasse o problema era dele. Ok. Eu não tenho nada com isso. Segundo, o critiquei num editorial pela Rádio Cidade FM (91,5) quando ele escolheu meia dúzia de jornalistas para conversar e deixou a imprensa do mundo todo de fora desse bate-papo. Agiu como se a Seleção fosse dele e, assim, tivesse exclusividade sobre o time e pudesse preterir esse ou aquele profissional de imprensa. Afinal, o que se ouve dizer é que a Seleção é patrimônio do povo brasileiro. Coitado do povo. A Seleção nem jogou pra nós e nem para as crianças que nunca viram o time ser campeão.

O Brasil não passou do sexto “passo” e tomou de sete. Agora é parar de chorar, entrar em campo e jogar pra nós. O sétimo “passo” do Galvão é neste sábado (12). Eu quero a taça do terceiro lugar. As “crianças” de até 36 anos nunca viram o Brasil ficar em terceiro. A última vez foi na Copa do Mundo da Argentina que se sagrou campeã. Países Baixos em segundo e Brasil em terceiro. Em 74, na Alemanha, a Seleção da casa foi campeã, vice Holanda e em terceiro a Polônia. O Brasil perdeu para a Polônia. E, em 1938 o Brasil ficou em terceiro lugar ao vencer a Suécia por 4 a 2.

NAS COSTAS

Apesar da bolada desferida pela Seleção nas costas do torcedor, capaz de causar inveja a qualquer joelhada Zúñiga contra Neymar, o brasileiro não desiste nunca. Foi campeão de receptividade e hospitalidade. Acreditou até o fim. Ao lado dos argentinos foi à turma que mais comprou ingressos para assistir a final no Maracanã no domingo (13). 13 é Zagalo. Cadê o Zagalo? Afinal, a final para o Brasil será um dia antes, no sábado (12). Que os onze (11) jogadores entrem em campo e façam jus ao 12º “jogador”, nós brasileiros que vencemos a Copa da dignidade e vamos protestar para vencermos também a Copa das Copas – fora da Copa. A Copa da moralidade na política brasileira e da justiça social aos milhões de brasileirinhos que nunca viram o Brasil – campeão também nesses quesitos.

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