O colete “protagonista” da armadilha e dois carcereiros mortos

A Polícia esquematizou para frustrar a tentativa de roubo contra o empresário “Nei da Incoferaço” e os bandidos também armaram. Um carcereiro estava sem colete e o segundo portava o equipamento de segurança. Mas nos dois casos, duas mortes.

Outra vez o colete foi “protagonista” de uma situação sinistra. O que deu errado?

No caso de resgate de preso e morte do carcereiro Pércio Esquina, 48, ocorrida em 2007, as falhas foram múltiplas. Em verdade, as falhas ocorreram exatamente por crendice de que talvez, fosse impossível de acontecer o que aconteceu.

Os bandidos tramaram desde a colocação da arma no bolo a execução do resgate. E o eventual serviço de inteligência da Polícia, não tinha a mínima noção do que aconteceria.

Já Ricardo Luís Rodrigues, 40 anos, à época, também baleado, sobreviveu. Mas no segundo caso, que resultou na morte de dois marginais e do carcereiro que passou a atuar como investigador Armando Laurindo dos Santos, 43 anos, ele portava o colete.

A Polícia fez quase tudo certo. Errou no quê? Talvez tenha duvidado da capacidade de reação dos meliantes ou, acreditado demais que já havia feito a “coisa” certa, a partir do momento que retirou a família do local, sob alegação do “serviço de inteligência”.

Mas não bastava só isso. Ainda havia o elemento surpresa, afinal, o fato não havia se consumado. Agora, a Polícia precisa explicar como de fato se deu a iniciativa de surpreender os delinquentes e como acabou sendo surpreendida.

Tanto é verdade que a Polícia foi surpreendida que os dois indivíduos eventualmente baleados na troca de tiros, conseguiram fugir ou foram mortos posteriormente?

Eles não podem ter sido baleados no local. Se assim o fossem não haveria tempo para matar o investigador. Na noite do dia 9, informações davam conta de que o segundo morto encontrado na Travessa Indiana teria sido alvejado por 6 tiros.

Seis tiros não configurariam em tese troca de tiros e sim execução. Ouvi entrevista do delegado Seccional, Luiz Antonio Hauy falando tudo, menos o que de fato traria luz ao fato em si. Os policiais estavam dentro do quintal ou da casa.

Nos dois casos, se estavam apenas no interior do imóvel ou do quintal o comando falhou. Quem estaria do lado de fora para observar e informar sobre a chegada dos bandidos?

Como cinco policiais esperavam dois e ainda assim foram pegos de surpresa? Foi uma “armadilha” feita pela Polícia e desarmada pelo gatilho bandido. A arapuca caiu sobre a cabeça do policial Armando. O projétil entrou pela axila e transfixou o peito.

Outro questionamento que deve ser feito. O Seccional vai dizer que é a mesma coisa. Até que ponto um policial que atuou 23 anos como carcereiro, tinha treinamento suficiente para enfrentar as ruas, num trabalho de campo que o fazia há apenas 2 anos?

São situações distintas e não é apenas coincidência o fato de que em quatro anos, dois policiais civis morreram e outro ficou ferido. Os três carcereiros. Esquina, Ricardo e Armando. Nos dois casos, atuavam em trabalho de rua (escolta e investigação).

No caso da morte do carcereiro Esquina o principal ponto discutido foi à falta de colete. Hauy chegou a alegar que existia o equipamento e que o policial não o usava. Mentiu. Foram adquiridos dias depois, diante da repercussão que o caso ganhou.

Neste caso não foi diferente e a repercussão é a mesma, em todo o Brasil. Recebi dezenas de e-mails questionando exatamente estes fatos. Houve um misto de aplauso e reprovação ao trabalho da Polícia.

A verdade é que mais uma vez, o que mais se questiona é o colete como protagonista de mais uma baixa na Polícia Civil de Tupã. Não é coincidência. São fatos.

Pode existir uma demonstração inequívoca que o problema não seja a ausência ou a presença do colete, mas sim, de inteligência de fato e de direito na execução do trabalho perfeito. O colete protege o peito e com ele ou sem ele, o projétil pode atingir a cabeça.

Por conta disso, é preciso usar a cabeça numa operação como esta. A Polícia ficou sabendo da suposta ação dos bandidos por conta de informantes. Aliás, a própria Polícia diz não ter bola de cristal. Depende de informação. Mas a informação precisa ser aliada à inteligência.

Não consegui entender como inteligente duas ações desastrosas que terminaram com quatro (4) mortes e um (1) ferido grave, em dois casos separados por quatro anos, envolvendo três (3) carcereiros.

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