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O linchamento e o depoimento da mãe da criança estuprada

“Eu saí de casa por volta das 19h30 e retornei às 20 horas da sexta-feira (5) e encontrei minha filha de 6 anos no quarto com P.L.F., 26 anos e a cortina abaixada”. Este foi o início da entrevista que A.P., 25 anos, concluiu agora a pouco, às 22 horas (11) ao Blog.

A.P. está amasiada com o mototaxista P.L.F., há quase dois anos e confessa que já foi agredida pelo companheiro e que teria registrado boletins de ocorrência contra ele. Ela tem duas filhas com outro homem, de seis e quatro anos. A menina que teria sido abusada sexualmente também seria agredida pelo padrasto.

Com o sujeito linchado, ela diz ter uma criança de 7 meses. Já a enteada vinha sendo abusada há algum tempo. Entretanto, a menina não tem noção de tempo e, por causa do trauma e medo do suposto agressor, não está indo à escola e a partir de segunda-feira (15) terá acompanhamento psicológico.

A mãe continuou relatando o ocorrido que causou revolta popular na zona Sul e complicou a segurança pública na noite de terça-feira (9), quando uma tentativa de roubo frustrada terminou num banho de sangue e corpos espalhados pela cidade.

Simultaneamente, naquela fatídica noite, sirenes soavam pela cidade, correria, tiroteio, corpos espalhados pela periferia. Pais e filhos vítimas da violência. Enquanto a Polícia travava tiroteio na zona Oeste, na zona Sul, uma multidão revoltada corria para cima de um motociclista.

Antes que ele esboçasse qualquer reação, se via cercado por uma multidão enfurecida que ofendia com palavras de baixo calão e o atacava com socos, pontapés, golpes de capacete, pauladas e pedradas. O corpo ficou inerte no chão. O pessoal só parou o linchamento quando imaginou que já não existia mais vida.

A Polícia que já corria de um lado para o outro por conta da tentativa de roubo frustrada, com três mortes, entre as quais, a do policial civil Armando Laurindo dos Santos, 43 anos, chegou a tempo de evitar que o fato de fato se consumasse.

Levado a UTI da Santa Casa, o suspeito continua em observação e nem por isso, menos agressivo. “Fiquei sabendo que ele teria dito que assim que sair do hospital vai pegar um por um”.

Enquanto isso a Delegacia de Defesa da Mulher já instaurou inquérito para apurar o ocorrido, a partir do registro do boletim de ocorrência, na segunda-feira (8).

“Eu havia ido na sexta-feira à noite, na casa de uma costureira e, quando retornei à minha casa, no Jardim Guanabara, encontrei minha filha de 4 anos na sala e o meu amásio no quarto com minha filha de 6 anos”.

A. P., continuou o relato: “entrei no quarto e estranhei o comportamento dele”. Ela disse que perguntou o que acontecia e o mototaxista teria justificado, alegando “que as duas crianças haviam brigado e ele estava no quarto repreendendo a mais velha”. A companheira questionou, desconfiando da alegação do acusado.

Foi a partir daí que ele teria se ausentado e ido trabalhar, mas, A.P., temendo represália saiu do imóvel e foi para a casa da mãe dela, localizada no local do linchamento, à Rua Lázaro Mosquine.

Nesse meio tempo entre o suposto estupro (conforme nova tipificação da lei de crimes sexuais) o companheiro teria insistido no relacionamento e a mãe da vítima, conversando com a criança “arrancou” a confissão que definiria o destino do acusado.

Segundo A.P., a criança teria confirmado que o fato teria acontecido outras vezes. “Ela contou que o padrasto teria passado a mãos em suas partes intimas e colocado o órgão sexual na região vaginal da criança”.

A franzina menina foi submetida a exame no Instituto Médico Legal para comprovação se o fato (estupro) teria sido consumado, do ponto de vista da conjunção carnal. Os comentários correram pela periferia e logo os moradores do local tomaram conhecimento do fato.

Foi a partir daí que a população resolveu se organizar para surpreendê-lo caso reaparecesse no bairro. E foi o que aconteceu na noite de terça-feira (9). O mototaxista surgiu no local e foi “recepcionado” pela multidão enfurecida.

Ele ficou completamente irreconhecível. O corpo era “puro” sangue e com sinais de vida comprometidos. O homem forte e grande, destemido, pode ter se fingido de morto para escapar com vida.

Tão grande na estatura e tão pequeno diante de uma possível atitude vil, diante de uma criança incapaz. Tão incapaz quanto à revolta que continua em erupção aguardando possíveis desdobramentos.

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