Foto: José Cruz/Agência Brasil
Lula deveria, neste momento em que a sociedade está assustada com a criminosa ameaça, elogiar a Polícia Federal que conseguiu frustrar o plano articulado pelo PCC. Ouça texto
Por: Pedro Ribeiro
O presidente Luiz Inácio da Silva foi, no mínimo, imprudente quando disse que o senador Sergio Moro teria sido, supostamente, o autor intelectual e armado as ações da quadrilha do PCC sobre o plano de ataque criminoso a autoridades governamentais.
Lula deveria, neste momento em que a sociedade está assustada com a criminosa ameaça, elogiar a Polícia Federal que conseguiu frustrar o plano articulado pelo PCC. Fez, no entanto, o contrário ao colocar em dúvida o trabalho de inteligência da PF.
Acabou, com sua fala bem ao estilo Bolsonaro, desmoralizando a Polícia Federal (PF) e o Ministério da Justiça.
Lula disse que pretende ser “cauteloso” e “descobrir o que aconteceu”, deixando claro, para ele, que “é visível que é uma armação do Moro”.
A suspeita do Presidente da República teve péssima repercussão, pois era um momento de se comemorar a ação da Policia Federal e do Ministério da Justiça que desarticulou o plano de assassinato de autoridades e não colocar dúvidas.
Em seu editorial de sexta-feira, o Estadão lembra que “Lula deve ter lá suas razões para não gostar de Sérgio Moro. Afinal, passou mais de 500 dias na cadeia depois de condenado pelo então magistrado. Não se espera, portanto, que o petista perdoe Moro, mas um estadista, como o que Lula da Silva pretende ser, é justamente aquele que é capaz de deixar de lado suas eventuais mágoas pessoais em nome dos interesses nacionais. E é também aquele capaz de demonstrar empatia com a aflição alheia, mesmo que seja a de seu maior adversário. Se Moro e sua família estavam sob ameaça, como mostraram as investigações, então o presidente da República tinha o dever de respeitá-los. Sendo incapaz de dirigir uma palavra de solidariedade a Moro, que então se calasse”.
Lula, escreve o jornal paulista, “acabou desprestigiando seu ministro da Justiça, Flávio Dino, que passou os últimos dois dias dando inúmeros detalhes sobre a operação contra o PCC e festejando o fato de que a investigação “é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo”. Ora, se o presidente da República desconfia que tudo isso não passa de “armação de Moro”, das duas, uma: ou Flávio Dino pede demissão por ter sido feito de bobo pelo senador ou é demitido por Lula, pois o presidente acha que ele foi feito de bobo”.
“Lula precisa sair da cadeia de uma vez por todas, parar de ruminar vingança contra seus carrascos reais e imaginários e assumir, com espírito conciliador, a Presidência da República, para a qual foi eleito com a promessa de pacificar o Brasil”, pontua o editorial.
Fonte: paranaportal.uol
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