O fato faz lembrar o episódio do curso promovido pelo Instituto de propriedade do deputado estadual Reinaldo Alguz.
A Paideia – Capacitação, Consultoria & Assessoria LTDA – ME, de Catanduva-SP, vai ministrar neste domingo (9), o processo seletivo para a prefeitura de Tupã. O objetivo é de constituir cadastro reserva de profissionais de ensino superior ou médio magistério, a fim de fazer futuras contratações por prazo determinado.
De acordo com o edital 001/2017, as oportunidades são para Professor de Educação Infantil, Professor de Ensino Fundamental Anos Iniciais (1º ao 5º ano), Professor de Artes ou Ed. Artística, Professor de Educação Física, Professor Interlocutor de Libras, Professor de Necessidades Educacionais Especiais, Professor de Informática Educativa e Professor de Inglês.
O salário previsto está na faixa de R$ 1.607,14 a R$ 1.987,04, para desempenhar atividades em carga horária de 30 ou 40 horas semanais.
Outras informações sobre o procedimento são restritas e as encontradas foram através do site www.concursosnobrasil.com.br. No referido endereço há citação de que o local da prova e horário seriam divulgados no site da empresa PAIDEIA, mas o site é incompleto e ainda está em fase de construção. Além disso, não há nenhum telefone fixo para o candidato falar com os representantes da empresa.
Ao clicar no ícone “Fale Conosco”, aparece o número de telefone celular (17) 9 9606-0609 e o E-mail: contato@paideiaconsult.com.br. Nos registros da Junta Comercial de São Paulo a PAIDEIA tem como sócios proprietários Patrícia Aparecida Netto Rocha e José André Banhos. O professor André Banhos como é conhecido em Catanduva é filiado ao PV – Partido Verde. Foi candidato a vereador nas eleições de 2012 e ficou como suplente com 464 votos.
André Banhos também aparece como doador à campanha eleitoral do PV, nas eleições de 2014. Ele apoiou o candidato a deputado federal Sinval Malheiros Pinto Júnior – natural de Catanduva.
A notícia de que a PAIDEIA pertence a um mesmo partidário do prefeito de Tupã, José Ricardo Raymundo (PV), surge apenas como mais um fato. É o segundo em apenas uma semana e, às vésperas do atual governo completar 100 dias. O primeiro envolve o Instituto Liberdade e Comunidade do deputado estadual Reinaldo de Souza Alguz (PV).
A outra coincidência é que nos dois casos também envolve a mesma pasta: Educação, sob o comando do secretário Mauro Guerra Eduardo (PV). Este novo episódio foi descoberto por acaso -, a falta de informações no site da empresa responsável pelo processo seletivo marcado para este domingo.
A verdade é que o fato da Paideia pertencer a um filiado do PV não significa absolutamente nada. Em tese, diferentemente do curso ministrado pelo Instituto Liberdade e Comunidade que teve como professor o deputado federal Evandro Gussi (PV), acredita-se ter havido licitação para a contratação da PAIDEIA.
FORMAÇÃO DE LÍDERES
No caso do curso de “Escola de Formação de Líderes” para dirigentes da rede municipal de ensino, pelo valor desembolsado pela prefeitura de pouco mais de R$ 4 mil, havia necessidade de licitação através de convite para empresas da mesma atividade como preconiza a lei nº 8.666, de 1993, que regula o processo de licitação, as contratações diretas e os contratos públicos, também chamada Lei de Licitações. Analisando desta forma, o que a princípio parecia apenas imoral, também deixou de ter aspecto legal e enveredou-se pela informalidade de quem trata a coisa pública como se fosse de companheiro partidário.
O que se espera desta “Paideia Verde” é que não seja mais um presente de grego nos 100 dias de governo do PV – cheio de retórica filosófica argumentativa da ética, objetivando a formação de líderes para desempenhar um papel positivo na sociedade, mas segue na pratica a mesma trajetória viciosa do sistema político brasileiro.
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