Agências centralizadas possibilitam ação simultânea de crimes e terror na madrugada
Foi desta forma que o crime organizado agiu perpetrando um grande roubo a três agências bancárias em Botucatu. Meses antes, outras duas cidades sentiram o drama de um ataque desse porte: Ourinhos e Avanhandava, na região de Araçatuba.
Por isso, Tupã também deve ter preocupação. Os setores de segurança não divulgam uma possível estratégia para repelir uma ação organizada dessa natureza, mas a verdade, é que em todas as situações, a própria polícia tem se tornado também refém dos marginais.
Os crimes normalmente acontecem no final da noite, começo da madrugada, quando a maioria está dormindo e as cidades interioranas apresentam maior tranquilidade e, portanto, as corporações estão “desarmadas” para atender a um ataque coordenado como demanda um atentado às agências bancárias.
A AÇÃO
Em Tupã, na Avenida Tamoios, numa distância de 100 metros, há 4 agências bancárias – Itaú, Santander, Bradesco e Banco do Brasil, este último na esquina da Rua Aimorés. Santander e Itaú estão praticamente de frente, já o Bradesco e o Banco do Brasil dividem muro. Da esquina do BB é possível avistar as demais agências.
Outro fator a ser considerado é que há cerca de 700 metros de distância dos bancos, na mesma via está alojada a Polícia Militar, ainda de forma improvisada, onde funciona a Secretaria de Cultura/Biblioteca Municipal. O prédio fica em frente da própria sede da 2a Cia e praticamente ao lado da Caixa Econômica Federal.
As organizações criminosas agem em bando de mais de 30 homens, fortemente armados. Os crimes são sincronizados e cada grupo tem uma função dentro do planejamento global. Isso inclui, armamentos, veículos para a ação, bloqueio de rodovias e da sede da PM e esquema de fuga.
O ataque é de surpresa, para dificultar a ação das forças de segurança, um bando se encarrega de obstaculizar trechos considerados estratégicos para a chegada de reforço policial, enquanto outros integrantes da organização se encarregam de neutralizar a força policial – seja de uma Companhia ou Quartel de Batalhão.
Enquanto todas essas ações estão acontecendo, outra parte da quadrilha bloqueia a via de acesso às agências para praticar as explosões dos bancos para roubar o dinheiro. Enquanto um grupo age diretamente contra os estabelecimentos, outro dá cobertura disparando tiros de fuzil e de metralhadora para afugentar e intimidar qualquer tentativa de contra-ataque.
REFÉNS
Se houver pessoas nas ruas, na hora do roubo são pegas como reféns que podem ser imobilizadas até como escudos humanos num possível confronto com a polícia. Nessas circunstâncias, os reféns normalmente são libertados durante a segunda etapa da fuga. Às vezes, os marginais se utilizam de outros veículos como forma de despistar uma provável perseguição.
Em Botucatu, os criminosos não obtiveram total sucesso durante a fuga, mas tinham pessoas para dar cobertura em caso de algo dar errado. Os veículos foram abandonados e parte do bando fugiu a pé. Dos R$ 3,6 milhões roubados, R$ 1,6 milhão foi recuperado e alguns envolvidos detidos pela polícia após os crimes.