Sanguessugas: preso em operação frequentava gabinete de Gaspar ao lado de Ribeirão

Além de visitar o gabinete de Manoel Gaspar (PMDB), o criminoso – ex-assessor do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT), tornou-se freguês de um dos melhores restaurantes de Tupã.

Em Tupã, o ex-assessor de Vaccarezza (foto à direita) era recepcionado por Ribeirão
Em Tupã, o ex-assessor de Vaccarezza (foto à direita) era recepcionado por Ribeirão
(Foto: Heloise Hamada/G1)
(Foto: Heloise Hamada/G1)

Gilmar Aparecido Alves Bernardes mantinha contatos constantes com a cidade de Tupã, na tentativa exclusiva de arrebanhar clientes para seu esquema criminoso. Como acontece nesses casos, em cada local, há necessidade da existência de um ponto de referência.

Em Tupã, essa complacência de corresponder aos seus desejos era quase uma exclusividade do nefasto vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP). De bonde, Ribeirão fazia marcação serrada.

Alguns ex-líderes de Manoel Gaspar confessaram que o parlamentar chegava a ter ciúmes de Gilmar. Depois de manter os seu escusos contatos, dependendo do horário o destino certo era o restaurante Toulouse.

Não há informação sobre quem pagava a despesa, mas é possível que muitas dessas vezes, o banquete possivelmente era debitado na conta da prefeitura de Tupã. No cardápio, a especialidade de visitante e anfitrião – ganhar dinheiro fácil as custas do povo.

A reportagem do blog manteve diversos contatos neste mês para tentar obter informação sobre a eventual liberação de recurso para os hospitais de Tupã, intermediado pelo grupo criminoso. A princípio, apurou-se que houve promessas de recursos para o hospital São Francisco.

Essa estreitas relação de Ribeirão com Vaccarezza vem de algum tempo. Em 2010, o próprio vereador Ribeirão chegou anunciar recursos da ordem de R$ 2 milhões para o São Francisco. Segundo o parlamentar, à época, a verba teria sido viabilizada pelo deputado federal, Cândido Vaccarezza.

Em dezembro de 2010, através de articulação de Ribeirão, a Câmara de Tupã concedeu o título de Cidadão Tupãense ao médico e deputado federal (PT-SP) Cândido Vaccarezza.

O projeto de decreto Legislativo que concedeu a homenagem foi elaborado pelo presidente do Legislativo tupãense, Luis Carlos Sanches, e pelo vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão”, tendo recebido ainda a subscrição dos vereadores Danilo Aguillar Filho e Augusto Fresneda Torres, “Ninha Fresneda”, integrantes do G-4.

SANCTORUM

Gilmar Bernardes fazia a ponte entre os provedores e os líderes do esquema (Foto: Murilo Zara/TV Fronteira)
Gilmar Bernardes fazia a ponte entre os provedores e os líderes do esquema (Foto: Murilo Zara/TV Fronteira)

Gilmar foi preso na Operação Sanctorum no dia 2 de junho pela Polícia Civil. Além dele, outros dois homens acusados de participarem de um esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares de deputados estaduais e federais ainda não identificados destinadas a hospitais filantrópicos, com a compra superfaturada de equipamentos médico-hospitalares.

Segundo o portal G1, Gilmar Aparecido Alves Bernardes foi preso em Presidente Prudente. Já Ronildo Pereira de Medeiros e Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que já haviam sido presos na Operação Sanguessugas, em 2006, foram detidos em Cuiabá (MT). Leia tambémCalendário Maia: o fim de um ciclo de corrupção, luxúria e poder em Tupã-SP

Em Presidente Venceslau, os policiais civis realizaram buscas e apreensões na Santa Casa e na residência e no escritório do provedor do hospital, Antonio José Aldrighi dos Santos. O provedor da Santa Casa de Venceslau também está preso.

Ribeirão entregou em 2010 o título de cidadão tupãense ao "benfeitor" Vaccarezza
Ribeirão entregou em 2010 o título de cidadão tupãense ao “benfeitor” Vaccarezza

O ESQUEMA

Segundo matéria publicada no portal do G1 Presidente Prudente, em 2 de junho, “As investigações apuraram que o grupo coopta provedores de hospitais filantrópicos, muitas vezes com a promessa de pagamento de vantagem indevida e, em seguida, com a liberação dos recursos, a mesma organização empresarial criminosa ingressa na venda dos produtos por meio de empresas ‘fantasmas’ registradas em nome de ‘laranjas’, com a venda de produtos em valor muito superior ao de mercado, isso quando efetivamente ocorre a entrega”, apontou a Polícia Civil.

Contudo, ainda não se sabe se isso ocorreu ou como houve o pagamento ao provedor Antonio José Aldrighi dos Santos, da Santa Casa de Presidente Venceslau. Por enquanto, foi apurado que houve a compra de equipamentos superfaturados, além de medicamentos e produtos hospitalares que constam em notas fiscais emitidas por uma empresa fantasma, totalizando cerca de R$ 800 mil, mas que nunca entraram no estoque do hospital.

Esses indícios foram confirmados pelo provedor Antonio José Aldrighi dos Santos, em confissão ocorrida no dia 26 de maio de 2016, na sede da Central de Polícia Judiciária (CPJ), em Presidente Venceslau, “o que revela um extenso esquema criminoso voltado a solapar o diminuto e sagrado patrimônio do Estado voltado ao precário sistema de saúde do Brasil, que tem como elo importante as Santas Casas como integrantes do Sistema Único de Saúde”, conforme a Polícia Civil.

“As investigações de Polícia Judiciária demonstraram, ainda, que no início de 2012, Ronildo Pereira de Medeiros, agindo com o cooptador para a área do Estado de São Paulo e Norte do Paraná, Gilmar Aparecido Alves Bernardes, realizaram uma reunião no Hotel Colúmbia, na cidade de São Paulo, em que participaram Antonio José Aldrighi dos Santos e outros vinte provedores de hospitais públicos e filantrópicos, quando então os provedores e diretores entregaram uma lista de equipamentos de interesse aos nosocômios, ao assessor do então deputado federal e líder do governo federal, à época, Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza”, pontuou a corporação.

O G1 tentou contato por telefone com Vaccarezza nesta quinta-feira (2) para abordar o assunto, mas não obteve êxito.

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