Delator é uma pessoa que denuncia atividades ilegais às autoridades constituídas. Por vezes, essa pessoa pertence ao próprio grupo que exerce atividade ilícita. São 31 obras irregulares que causaram prejuízos incalculáveis aos cofres públicos e à população tupãense. A trama envolve autoridades municipais, estaduais e federais.
A revelação da ex-secretária de Planejamento e Infra-estrutura, Jeane Aparecida Rombi de Godoy Rosin (PSDB) teria sido feita às portas fechadas para um grupo seleto de pessoas. A revelação pode trazer subsídios substanciais para a investigação da Comissão Parlamentar Especial (CPE) e para o Ministério Público. Jeane Rosin poderia entregar os autores dessa conspiração contra o patrimônio público.
Porém, ao contrário do necessário, Jeane deve estar desmentindo a reportagem. Assim a fez quando foi tirar satisfações do atual secretário de Planejamento e Obras, Valentim Bigeschi, acreditando ser ele o autor de informações repassadas ao blog, sobre o contato entre os dois. Por mais de 2h30, conversaram no dia 21 de agosto.
O contato telefônico foi feito um dia após o presidente da CPE, Valter Moreno Panhosi (DEM) conceder uma entrevista à Rádio Cidade FM, revelando as irregularidades em 31, das 33 obras deixadas pela administração Waldedmir Gonçalves Lopes (PSDB).
A suposta trama denunciada por Jeane tinha muito mais a finalidade de dilapidar os cofres públicos que prejudicar uma terceira pessoa, no caso ela como secretária de uma das mais importantes pastas da administração de Waldemir.
A conspiração da corja envolvia pessoas que lucraram com as licitações supostamente fraudulentas através de empresas parceiras de esquemas. Boa parte delas faliu com o fim do mandato de Waldemir
Jeane Rosin é contraditória. Passou a ser questionada com maior veemência a partir de sua aparição nas obras irregulares do Espaço das Artes em agosto de 2012. No palco do teatro inacabado a peça era ajudar a mentir sobre as denúncias feitas pelo blog, levadas em mãos ao então presidente da Câmara, Luis Carlos Sanches (PTB) que presidiu até então a única Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para investigar um prefeito.
Acuado as vésperas das eleições, Waldemir armou um ensaio espetacular para tentar provar que tinha controle de tudo o que fazia. Jeane acreditando que poderia ser candidata a sucessão do ex-prefeito foi no embalo trama e as máscaras caíram como previa a ex-secretária de Cultura e Turismo, Aracelis Gois Morales (PSD).
O COMPLÔ
O complô sugerido por Jeane Rosin teria começado a partir de janeiro de 2009 e terminado após 19 meses. A partir daí, tudo já estava consumado até o fim do mandato de Waldemir, em dezembro de 2012. Ou seja, o segundo mandato foi condenado e a corrupção teria se institucionalizado de forma a empurrar todo o mal feito para a atual administração.
Nesse período, cogitou-se até desmembrar a super Secretaria de Planejamento, infra-estrutura e obras, comandada pela arquiteta Jeane Rosin. Comentava-se à época que o engenheiro Civil, José Roberto Rasi poderia ser contemplado com a divisão da pasta, assumindo obras. As licitações aconteciam a todo vapor e a maioria das empresas hoje sob suspeita, passou a vencê-las. Comissão de Licitação era para inglês ver.
Jeane Rosin teria perdido voz ativa e, exatamente por isso, se afastou do foco liderado pelo então secretário de Economia e Finanças, Walter Bonaldo Filho (PMDB), Adriano Rogério Rigoldi (PSDB), Sergio Dias Lopes (Administração) até esse último se exonerar do cargo. A partir daí, outras peças foram se juntando: Aracelis Gois Morales (Cultura e Turismo), Eliseu Borsari Neto (Meio Ambiente) e Carla Ortega Brandão, também ligada à direção do PSDB e secretária da Educação.
O grupo só viria a se romper definitivamente com a saída de Walter Bonaldo Filho, a partir de 2010, com a contratação da Leão & Leão para fazer a coleta do lixo orgânico. O contrato foi todo ele cuidadosamente direcionado para a empreiteira de Ribeirão Preto e assinado para valer a partir de maio de 2010. Três meses depois, em 4 de agosto de 2010, Walter Bonaldo Filho saia jurando ver Rigoldi em suposto estado de putrefação.
O motivo do desentendimento teria sido ciúme financeiro e de poder. Walter Bonaldo Filho se tornava o homem mais poderoso da Administração Waldemir e significava risco para as pretensões iniciadas entre Waldemir e Rigoldi. Mais tarde, se fortaleceram dentro dessa “ninhada” tucana, Aracelis e Carla Ortega, mas o foco já nem era mais as obras.
Todas as obras seguiram sem comando da principal pasta (Planejamento, Obras e Infra-estrutura) comanda por Jeane Rosin. Á revelia as obras seguiram divididas. Algumas ligadas ao Turismo sob o comando de Aracelis que assinava como arquiteta. Jeane sabia das irregularidades, segundo teria admitido para o vereador Antonio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP). Agora Jeane vem a um seleto público para revelar um suposto complô.
Ela e todas as demais autoridades, inclusive vereadores à época que tomaram conhecimento dessa trama foram omissos e prevaricaram. São cúmplices do complô e, por isso, deveriam ser culpados pelos desmandos da administração anterior e, nessa condição, poderiam ser delatores da formação do esquema.
Delator é uma pessoa que denuncia atividades ilegais às autoridades constituídas. Por vezes, essa pessoa pertence ao próprio grupo que exerce atividade ilícita. Exemplos de delatores notáveis são Deep Throat, nos Estados Unidos, e Joaquim Silvério dos Reis e Roberto Jefferson, no Brasil. A delação é recompensada em alguns sistemas legais, no que se chama de delação premiada.
O suposto complô a própria Jeane Rosin sabia e preferiu se omitir. Participou dele e prevaricou. Falou apenas sobre as obras do Espaço das Artes, para propagandear a imoralidade comanda por Waldemir. Waldemir e seus comandados tinham quase que certeza de que conseguiriam fazer sucessor e apostaram numa mulher. Jeane Rosin poderia ser essa mulher como antecipava o blog. Mas também era feita uma ressalva: Waldemir não era o Lula e Jeane não era a Dilma Roussef?!
Apesar disso, como previa aquela reportagem publicada no dia 27 de setembro de 2011. Jeane Rosin ainda pode fazer uma faxina na administração pública e passar a limpo o famigerado complô contra os cofres públicos.
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