Como jornalista nunca me furtei a tecer comentários capazes de motivar a população a auxiliar os órgãos de segurança no combate a criminalidade.
Sempre entendi que segurança é um conjunto de fatores que podem determinar uma significativa melhora na prevenção de crimes.
As últimas campanhas que realizei como profissional despertou esse sentimento nos habitantes e autoridades de Bastos e Iacri. Através da junção de esforços entre moradores foram realizadas plenárias entre autoridades constituídas e os comandantes da Polícia Civil e da Polícia Militar.
Estas cidades foram contempladas mesmo que temporariamente com reforço de policiais e viaturas de Tupã e até Marília. Assim tem sido uma constante na minha trajetória neste eixo Garça/Marília/Tupã e outras localidades, inclusive regiões.
As pessoas que conhecem o meu trabalho sabem que ajudei a desbaratar a ação da primeira quadrilha de carro dublê do estado de São Paulo, com desdobramentos em Marília. Denunciei o delegado Seccional, Lourival Luiz Viana por envolvimento com o “Rei” do contrabando no país, acusado pelo falecido chefe da Polícia Federal, Romeu Tuma.
O delegado Seccional usava carro emprestado do contrabandista Fausto Jorge, com o qual foi a festa de aniversário do delegado para o Interior do estado de São Paulo. Em troca, as benesses da Polícia Judiciária.
Simultaneamente, denunciei maus policiais que extorquiam, furtavam e roubavam droga e mantinham traficantes em cárcere privado em Marília. O favorecimento praticado por policiais em detrimento ao efetivo combate ao tráfico internacional de drogas.
Há 20 anos, mobilizei as Delegacias Seccionais de Lins, Marília e Assis, apontando que a região já era uma “Rota Caipira” do tráfico internacional. O traficante colombiano Pablo Escobar morto pela Polícia confirmava em entrevista à Revista Veja, que Marília era usada como uma de suas rotas para escoar o tráfico pelo estado de São Paulo.
Como repórter de campo e cultivei ao longo dos anos, uma rede de informantes que me “alimenta” com detalhes, por exemplo, sobre o chute na cara de um corpo inerte durante a morte de um policial em Tupã. Nos anos 90, Garça precisou ser chacoalhada com uma série de reportagens de combate ao crime. O delegado Ildemar Daum acusava o repórter de ser agitador.
O meu trabalho ajudou absolver três irmãos, inocentes de um crime de homicídio e presos em flagrante pela Polícia de Marília. Encontrei os verdadeiros assassinos, os entrevistei e a Justiça determinou o relaxamento da prisão em flagrante dos irmãos.
No final dos anos 80, iniciante na arte de retratar os fatos policiais chegava a Marília, quando ocorria o seqüestro do ex-vice-presidente do Banco Bradesco, Beltran Martinez.
A cidade sitiada pelo extinto Grupo Anti-Sequestro (GAS), prédio de escuta telefônica clandestina incendiado e a suspeita de que um grupo poderoso de Vera Cruz seria responsável pelo crime.
Este havia sido o primeiro seqüestro no Brasil, de cunho financeiro, tendo como vítima o banqueiro Antonio Beltran Martinez. A primeira agência do Bradesco havia sido fundada exatamente em Marília, tendo como um dos principais acionistas o fundador de Tupã, Luiz de Souza Leão.
O grupo de Vera Cruz era poderoso e possuía advogados ardilosos capazes de inverterem a realidade dos fatos, ao ponto de acusarem integrantes da especializada de tentativa de extorsão. O GAS foi extinto pelo governo paulista, com a equipe comandada pelo delegado Josecir Cuoco, sob investigação.
de Josecir Cuoco
para jotaneves@ig.com.brCaro jornalista Jota Neves.
POR SER A PRIMEIRA VOZ AMIGA EM 24 ANOS, GOSTARIA DE MANTER UM CONTATO TELEFÔNICO, POIS POR COINCIDÊNCIA ESTOU INICIANDO UM PEQUENO TRABALHO SOBRE SEQUESTRO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UM CURSO DE PREVENÇÃO. MUITO GRATO PELAS PALAVRAS. JOSECIR CUOCO.
Martinez ficou 41 dias em poder de seqüestradores. Foi o primeiro e mais longo seqüestro da época. Ele foi libertado no dia 17 de dezembro, depois do pagamento de um resgate de US$ 4 milhões.
Martinez só conseguiu falar sobre os dias no cativeiro seis meses depois de sua libertação. Segundo disse na época, teve “a sensação desesperadora de que ia morrer”. Beltran fazia tudo o que os seqüestradores pediam, pois temia que qualquer descuido poderia ser fatal.
Enquanto o jornalista Caco Barcellos da Rede Globo era ameaçado no Paraguai por bandidos e pelo Exército Paraguaio, a equipe da Rádio Dirceu do Grupo Central Marília Notícias (CMN) sofria as mesmas consequências de atentado à vida. O diretor superintendente da CMN, Edson Joel testemunhou as pressões.
No começo dos anos 90, foi encontrado morto o filho do reitor da Unimar, Marcelo Mesquita Serva. Na casa estavam com ele pessoas influentes da sociedade mariliense, entre as quais, Hilário Maldonado Filho, filho de um ortopedista reconhecido internacionalmente.
A Rádio Dirceu foi a primeira emissora a informar que Marcelo Mesquita Serva, filho de Márcio Mesquita Serva havia morrido por overdose de cocaína. O empresário do ramo da educação chegou de viagem e ratificou a informação exclusiva e, mais, acusou a Polícia de proteger os envolvidos na morte do filho dele.
Advogados que acusavam policiais em processos de enxertar drogas nas pessoas, mas que defendia a corporação contra a emissora também foi alvo de reportagens: “Quem defende ataca” – referindo-se ao jornalista e advogado criminalista e ex-presidente da OAB-Marília, José Cláudio Bravos.
Temendo perder a ação em que o repórter acusava o Serviço Reservado do Nono Batalhão da Polícia Militar de Marília de envolvimento com o tráfico de drogas, o advogado abandonou a ação e Jota Neves foi absolvido no processo que teve grande repercussão.
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Sei que muitas coisas que escrevo, o Sr. não publica.
Terça-feira um traficante que fornecia a classe média e rica da região foi preso. O Sr. sabe seu nome? É um nome forte, tem influência burguesa. Conhece-o? sobre-lhe o nome? Não vai publicar este escândalo? Vai defendê-lo ou condená-lo? espero sua resposta.
Caro Lucas, esse assunto ao qual você se refere foi divulgado. Quanto ao nome, a legislação atinente ao crime impede que a Polícia nos forneça, entretanto, nada impediria a divulgação. Isso sempre acontece quando descobrimos o nome e, desde que o acusado, tenha sido autuado em flagrante delito. No mais, trabalhamos com fatos e não nos interessa a classe social, sexo ou religião dos envolvidos!
O GAS foi o melhor grupo já reunido de policiais que existiu até hoje, não só pelo conhecimento que tinham mais também pela coragem e o amor pela polícia civil.
Com toda certeza foram injustiçados!!!
Confirmo a parte que me toca e outras que conheço. E, ainda, muitos insistem em dizer que jornalista só fala ou escreve. Mas sabem dos processos e ameaças.