Categoria:

A percepção do fato pelo repórter

Assim como a Polícia parte de uma informação para desvendar um crime, o repórter policial também. A cena do crime é preservada para facilitar a coleta de dados. Um objeto, uma mancha de sangue que respinga em determinado local, pode ser esclarecedor.

Assim como a polícia, o repórter também a busca o trabalho de campo e mantém sempre atualizada suas fontes.

Leia também: Empresário roubado seria assassinado na noite da tragédia

O fato de ser a Polícia a fonte da informação, se quiser obter algo diferente é preciso verificar in loco. Neste caso específico que culminou com a morte de um policial e de dois suspeitos, não houve coerência entre o que foi anunciado de início pelo delegado Seccional e a seqüência da ocorrência.

Ninguém troca tiros tentando pular muro. É inconcebível admitir que sete policiais esperavam dois e, ainda assim, teriam sido surpreendidos e um dos policiais ser morto. Mais, os acusados trocaram tiros e fugiram mesmo com vários disparos contra seus corpos.

A impressão que dá é que mesmo baleados, insistiram na troca de tiros, não caiam e simultaneamente seguiram fugindo?!

O mais real é que os policiais foram surpreendidos por fatores adversos ao planejado e, daí para frente uma seqüência de falhas resultaram na morte do carcereiro Armando Laurindo dos Santos, a fuga dos acusados, a caça da Polícia e a execução dos mesmos.

Leia também: Roubo frustrado: Polícia confirma três baleados e duas mortes

BITUCA NA CENA

Fui informado da localização de um corpo na zona rural de Marília. Cheguei ao local antes mesmo que a Polícia. Uma mulher havia sido torturada e esfaqueada. Na cena do crime, encontrei numa região distante do corpo uma ponta de cigarro desses de marca comum e mais em conta.

Apesar de quase totalmente queimado, a guardei num papel. Meu informante conhecia aquela mulher, mas para não se envolver, com a chegada da Polícia se ausentou. O informante havia me fornecido o prenome.

Na região da casa da vítima, num bairro distante do local onde o corpo havia sido encontrado, procurei junto a vizinhança saber onde morava a mulher com o referido prenome. Encontrei um homem no local, me identifiquei como repórter já notando que era fumante, assim como eu. Eu precisava encontrar um jeito de descobrir a marca do cigarro que fumava. Ele era o amásio da mulher encontrada morta na zona Rural.

A tática foi induzi-lo a retirar do bolso o maço do cigarro. Já o entrevistava sobre o ocorrido, mas não esperava uma confissão dele. Queria apenas me convencer que entrevistava o matador e o induzi a retirar do bolso o maço de cigarros, sacando o meu para fumar. Para quem é viciado, o ato é involuntário.

Não deu outra. Foi automático. Notei que a bituca de cigarro encontrada nas proximidades do corpo era da mesma marca que o suspeito fumava. Retornei à cena do crime e chamei um dos policiais que investigava o caso e o revelei o acontecido.

A equipe deslocou-se rapidamente para a casa e antes que o suspeito fugisse, foi alcançado e detido. A confissão veio rápida. Por motivo passional, o acusado a induziu ir ao local sob pretexto de conversar e discutir a relação e longe de testemunhas a torturou, queimando-a com a ponta de cigarro e a matou com facadas.

2 respostas

  1. Oi Jota, tudo bem? Admiro muito o seu profissionalismo. A forma que você narra; seja falando ou escrevendo me faz enxergar o quanto é grande como profissional. O seu comportamento como ser humano o torna muito admirável.
    Parabéns!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe nas redes sociais

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Artigos relacionados

Nome do Evento

Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipiscing elit dolor

Nome do Evento

Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipiscing elit dolor