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Adolescente lutou para salvar a mãe da morte

O crime praticado com 17 facadas chocou a opinião pública de Tupã no primeiro mês do ano. Ouça texto

Os crimes de feminicídio chocam pelo emprego do ódio no seio doméstico de uma família. O assassinato de mulheres vai muito além do desprezo contra as vítimas, que a coloca em uma categoria de subalternidade em relação ao homem.

Até a pratica do crime contra a vida da mulher, em muitos casos cria-se um clima de terror que gera a perseguição, agressões físicas e psicológicas dos mais variados tipos, como abuso físico e verbal, estupro, tortura, e etc.

Em vez de estarem centrados na violência das ruas, grande parte dos feminicídios acontece em casa, ou seja, são derivados da violência doméstica e independem de sinais que apontem para a possibilidade, como foi, ao que parece, no caso registrado na zona Leste de Tupã-SP.

O impacto social dessa agressividade causa diversos transtornos mentais às crianças e adolescentes que presenciam situações e podem ter seu desenvolvimento comprometido.

O que dizer de um adolescente que não só presenciou, mas que lutou para evitar uma tragédia “anunciada em silêncio”.

Em entrevista ao jornalista Edvaldo Santos (Rádio Cidade), uma vizinha da vítima disse: “A gente não escutava grito, nada”, sinalizando que não havia discussão anterior entre o casal, até o domingo (21).

O maranhense Valdemir Morais Gomes, 32 anos, não tinha antecedentes criminais e nenhum histórico policial de agressão contra a mãe de quatro filhos, dos quais três de “Babucha”, apelido de Valdemir.

A LUTA

O quarto filho de Aline Cruz dos Santos, 34 anos, é um adolescente de 14 anos de outro relacionamento. Foi esse menino que na manhã do dia 22 de janeiro, travou luta corporal com o padrasto para impedir a tragédia que se sucedia.

Tomado por ódio da briga da noite anterior, onde ambos se agrediram verbalmente, fisicamente e foram parar na Delegacia. Como nenhum quis fazer representação conta o outro, foram advertidos e liberados. Medida protetiva foi expedida obrigando Babucha dormir na casa de parentes no Jardim Morada do Sol.

A separação serviu como combustível para o assassino aguçar sua vontade incontrolável de matar. A trabalhadora Aline, assim descrita pela vizinha – “trabalhava na Matriz e num restaurante”.

Com 1,50 metros e corpo franzino foi golpeada por 17 facadas na altura do pescoço, coração e pulmões, segundo laudo do IML – Instituto Médico Legal.

O adolescente também não resistiu a fúria cega de Babucha e em vão tentou impedir a agressão e a fuga em desabalada carreira do criminoso.

O REMORSO

O remorso comum em ambiente de violência doméstica pode não só levar a reconciliação, após momentos de explosão, bem como, ao suicídio após a pratica de feminicídio. Arrependimento ou lamentação pelo mal cometido foi o que possivelmente levou Babucha a tirar a própria vida na manhã de quarta-feira, dia 24, 48 horas depois do crime contra a vida de Aline.

Aline foi sepultada no dia 23, e o corpo de Babucha foi encontrado pendurado numa árvore, na manhã do dia seguinte, numa propriedade rural às margens da estrada Adelino Geraldo Quiqueto (São Gonçalo) distante 1,5 km do local do feminicídio.

A DDM – Delegacia de Defesa da Mulher instaurou inquérito para apurar o femínicídio, mas a morte do acusado fará com que a titular da especializada, Janâina Antoniazzi conclua as diligências – considerando o caso por encerrado.

OUTROS CRIMES

O último crime com tamanha comoção ocorreu em 21 de agosto de 2017. A vítima foi a bancária Débora Goulart Subires, aos 34 anos. Seu companheiro Ailton Basílio foi preso um mês após o crime, em Teresópolis (RJ). Saiba mais: Suspeito da morte de bancária agia com personalidade psicopática

Outros dois crimes, ocorridos nos anos 90, à época chamados de homicídios motivados por questões passionais marcaram Tupã. Nos dois, os homens mataram a tiros e, depois, tiraram a própria vida.

Leia também: Bancária lutou para sobreviver a fúria de seu assassino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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