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O GOLPE: esquema “militarizado” pode ter usado “laranjas” para patrocinar atentados

O prudentino Dyego Primolan Rocha, de 35 anos

Perfil de acusados da região de bancar transporte para bolsonaristas é de pessoas que não possuem posses.

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Os idealizadores dos atentados terroristas contra a Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro podem ter usado “laranjas” para colocar em pratica a invasão à Capital Federal.

É de conhecimento público, e nenhum dos envolvidos faziam questão de esconder suas participações em manifestações consideradas antidemocráticas, nas portas dos quartéis de cidades como Presidente Prudente, Marília e em Tupã.

É o caso do tupãense Marlon Diego de Oliveira, 33 anos, um dos acusados pela AGU de ser financiador dos atos de terrorismo na Esplanada dos Ministérios.

Candidato a vereador nas eleições de 2020, pelo PP, Marlon obteve 255 votos e é suplente do Partido Progressista.

Na base de dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), ele aparece como sócio do empreendimento Finance Expert Serviços LTDA, com capital social de R$ 20 mil.

Ex- candidato a vereador Marlon Diego de Oliveira, 33 anos

Assim como o tupãense Marlon, os outros dois apontados pela AGU, Márcio Vinícius Carvalho Coelho, morador do “Aniz Badra”, bairro popular da zona Norte de Marília e do prudentino Dyego Primolan Rocha, de 35 anos, não é de quem possuem posses para patrocinar transporte, estadia e alimentação para dezenas de bolsonaristas.

Segundo o G1, no caso do rapaz de Presidente Prudente, a Justiça já sabe que ele é especialista em fisiologia, metabolismo do exercício e treinamento e mora no Jardim Monte Alto, localizado em área popular de Presidente Prudente.

Em entrevista ao portal Marília Notícias, Márcio Coelho, afirmou desconhecer o envolvimento de seu nome na lista divulgada pela AGU. Questionado se tinha ido para Brasília/DF ou se havia contratado algum ônibus para levar marilienses até a capital do país, negou envolvimento e disse não entender como seu nome constava como acusado.

O homem afirmou acreditar que tenham usado seu nome e dados pessoais para incriminá-lo, mas não disse os motivos para a suposta perseguição. Márcio Vinícius Carvalho Coelho participou das manifestações em frente ao Tiro de Guerra (TG) 02-059, em Marília.

Na ação civil pública ajuizada na 8ª Vara Federal da 1ª Região, a AGU indica que os acusados deverão ser indiciados e terão seus bens indisponibilizados para arcar com os prejuízos causados, após eventual confirmação de efetivo envolvimento.

A medida cautelar tem como objetivo bloquear R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas, que teriam financiado e contratado o fretamento de ônibus para os atos golpistas, que resultaram na destruição dos prédios públicos.

A lista dos alvos do bloqueio – que abrange imóveis, veículos, valores financeiros em contas e outros bens – foi elaborada com o auxílio de dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e inclui apenas os que contrataram ônibus apreendidos transportando pessoas que participaram dos atos golpistas.

AÇÃO MILITARIZADA

Mapa online ‘Viagem para Praia’, que lista locais de saída de ônibus para atos golpistas e contatos de organizadores
Imagem: Reprodução

A ação de preparação para o ato golpista apresenta característica de ter sido elaborada com conhecimento militar.

Uma reportagem do portal Uol revelou com exclusividade, que os organizadores previam um eventual confronto violento e o uso de mapa online.

O mapa se chama “Viagem para Praia”. Mas, em vez de pontos turísticos, estão listadas 43 cidades no Brasil onde se podia pegar ônibus para a “festa da Selma”, com contatos dos organizadores dos transportes. A festa se refere aos atos de 8 de janeiro, que invadiram e depredaram a sede dos três Poderes da República, em Brasília, em uma tentativa frustrada de golpe.

O mapa dos ônibus para a “festa da Selma” circulou no grupo de Telegram “Caça e Pesca”, com 18 mil membros. Apesar do nome inofensivo, o grupo serviu à organização dos atos golpistas entre moradores do Sudeste. As mensagens, trocadas entre 4 e 5 de janeiro, tratavam exclusivamente de como chegar a Brasília, o que levar e o que fazer no dia 8.

Havia grupos direcionados a outras regiões do país, como o “Sertanejo”, para pessoas do Centro-Oeste, mas as mensagens foram todas apagadas. Os nomes aleatórios, sem referência aos atos golpistas, têm o objetivo de dificultar que os grupos sejam encontrados. Também há mensagens mostrando como ocultar o número de telefone no Telegram.

O próprio nome “festa da Selma”, amplamente usado nos preparativos para o dia 8, foi uma tentativa de evitar o radar das autoridades. A expressão foi revelada pela Agência Pública.

Para participar de tais “brincadeiras” da “festa da Selma”, o mapa sugere que os adultos se preparem. É um roteiro já previsto de confronto com a polícia.

No dia dos atos golpistas, muitos manifestantes seguiram a cartilha de proteção, com máscaras contra gás. No grupo de Telegram, também se sugeria o uso de capa de chuva para evitar contato do spray de pimenta com a pele — vestimenta também vista nos ataques.

O mapa segue no ar. Sua última atualização ocorreu na véspera dos ataques aos três Poderes. O UOL arquivou todas as informações do mapa e as mensagens do grupo “Caça e Pesca”.

Convocação para ocupar o Congresso Nacional

No grupo “Caça e Pesca”, a mensagem foi clara: era preciso ocupar o Congresso. Imagens de 2013, quando manifestantes subiram no teto da sede do Legislativo, circularam dizendo que o mesmo deveria ocorrer em 8 de janeiro.

“Pessoal, o povo em massa tem que preencher todo esse espaço principalmente dentro e fora do congresso. Aí sim derruba o governo”, lia-se em uma imagem aérea da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, ambas assinaladas em azul, compartilhada em 4 janeiro. O Congresso estava sinalizado com uma seta.

MILITARES NA PORTA DE QUARTÉIS

A presença de militares aposentados em todas as concentrações na porta de quartéis de cidades da região é mais um forte indício de elo organizacional que vai ao encontro das suspeitas do próprio governo federal, de que há o envolvimento de gente graúda, possivelmente até das Forças Armadas na frustrada tentativa golpista.

A propósito, em artigo do Congresso em Foco, assinado por Rudolfo Lago questiona se o código usado pelos radicais tem mesmo relação com o grito de guerra dos militares – Selva!

Até que ponto a “Festa da Selma” era a “Festa da Selva!”?

Não parece haver muita dúvida que o código criado pelos baderneiros golpistas para organizar a tentativa de golpe de Estado que aconteceu no domingo (8) trazia uma conotação militar. Nas mensagens enviadas nos grupos de extrema-direita, especialmente no Telegram, a senha para o golpe era “Festa da Selma”. Há uma clara similitude entre o nome feminino adotado e o grito de guerra que os militares adoram: “Selva!”. Mas até que ponto os militares estão envolvidos na arquitetura desse golpe é coisa que ainda precisa ser apurada.

E precisa ser apurada logo. Bem mais importante que as 1.500 prisões em flagrante é a identificação e prisão de quem talvez não tenha estado na Praça dos Três Poderes no domingo. Quem arquitetou o golpe? Quem financiou o golpe? Quem pagou por mais de dois meses de acampamento na frente dos quartéis do país? Quem pagou pelos diversos ônibus vindos de vários pontos? Há financiamento internacional? Vindo de quem e de onde? Há autoridades envolvidas? Quem são (uma delas já parece identificada, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, mas bem provavelmente não é somente ele)? E os militares? São militares isolados ou a instituição Forças Armadas está de alguma forma envolvida?

OS PRESOS

Foram os ataques perpetrados em Brasília que levaram para a Penitenciária da Colmeia as bolsonaristas tupãenses Vanessa Harume Takasaki e Rosimeire Morandi, entre as centenas de presos que infringiram o Art. 359 da Constituição.

O artigo cita que os que tentarem depor o governo legitimamente constituído, por meio de violência ou grave ameaça, podem pegar pena de reclusão de quatro a doze anos.

Leia também: Como foi o dia em que Bolsonaro desistiu de dar um golpe

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