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Tupã à beira de um lockdown: Situação da Covid começa fugir do controle

Com o equivalente a mais de 5 mil pessoas em período de transmissão e cerca de 150 mortes, cada vez mais será comum ver cenas como a que vitimou o professor “Gil Capoeira”.

Secretário de Saúde, Miguel Ângelo de Marchi e o prefeito Caio Aoqui
Secretário de Saúde, Miguel Ângelo de Marchi e o prefeito Caio Aoqui

O secretário Municipal de Saúde, Miguel Ângelo de Marchi já fez vários apelos através da imprensa afirmando categoricamente que a situação é grave.

Um áudio dirigido a um grupo de professores enviado pelo diretor responsável pelo Laboratório Municipal, Edi Carlos Iacida, viralizou e foi motivo de reportagem no Programa Rotativa no Ar. Nele, Iacida pedia cuidado e relatava que a transmissão do vírus estava alta em Tupã.

– O áudio foi enviado para um grupo fechado, mas resolvi publicar pela importância do momento que estamos vivendo, observou o editor e apresentador do noticiário, Toninho de Faveri.

Na contramão dessa critica situação caminha os interesses individuais daqueles que querem se aglomerar, funcionar suas atividades profissionais, entre outros, mesmo em detrimento do coletivo. O coletivo neste momento é a enfermaria e UTIs da Santa Casa, mas não há espaço para receber mais nenhum paciente com coronavírus.

Considerando o último boletim epidemiológico enviado pela Prefeitura, no sábado, dia 8, os 20 leitos da enfermaria e os 15 da UTI da Santa Casa estão com 100% de sua capacidade, com 80% e 67% ocupados apenas por pacientes de Tupã, respectivamente. A fonte da informação é o próprio hospital.

GIL CAPOEIRA

Gil Capoeira

Um vídeo que viralizou neste fim de semana explicitou a situação dramática de pacientes que chegam à enfermaria. A própria direção da Santa Casa já relevou a falta de profissionais qualificados no mercado para atuar na linha de frente da Covid-19, entretanto, não justifica negligenciar neste momento.

No vídeo, momentos antes de morrer, Gilberto dos Santos, 42 anos, conhecido “Gil Capoeira”, informava que estava no isolamento e já havia solicitado ajuda, mas que até aquele momento ninguém havia comparecido. Em seguida, apontou para um paciente e disse que ele não conseguia se alimentar sozinho, quando de repente foi acometido por uma tosse intermitente e Gil retira a máscara de oxigênio.

– Me trouxeram para cá, foi bom, mas…

“Gil Capoeira” era mestre na arte que praticava e desenvolvia o Projeto Capoterapia. A capoterapia é uma vertente da capoeira e utiliza alguns dos seus elementos em atividade física orientada para idosos. Sua musicalidade proporciona descontração e resgata a memória do folclore nacional. A atividade ressocializa o idoso, melhora a coordenação motora, a força muscular, a autoestima e diminui a depressão.

A MORTE

O que se sabe a seguir são fatos ainda extraoficiais. Sem ajuda teria ido ao banheiro e retirado o oxigênio, quando possivelmente sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi a óbito.

A informação sobre a morte do paciente só teria chegado ao conhecimento da família através de uma outra paciente. Até então, a esposa de Gil só obtinha como resposta da Santa Casa de que não tinha informações sobre a vítima.

Não dá para afirmar que, se tivesse um acompanhante no local, Gil sobrevivesse, porém, na pior das hipóteses teria sido orientado sobre a forma correta de como se deslocar até o sanitário. As cenas causaram forte comoção na população tupãense e o temor de passar pela mesma situação em um leito de isolamento para coronavírus.

O fato ocorrido com Gil Capoeira não pode ser considerado isolado, pois, a situação estrutural da Santa Casa é a mesma, portanto, pode se repetir com qualquer um, inclusive, com você!

LOCKDOWN

Tupã aéreaO lockdown que esteve em vigor em vários municípios brasileiros, inclusive, no estado de São Paulo, como em Araraquara, por exemplo, é um termo em inglês que significa confinamento e, na prática, se refere à imposição de medidas mais rígidas de isolamento social durante a pandemia do novo cornavírus.

“É uma medida de paralisação bem mais rigorosa do que a que tivemos até aqui. É realmente no sentido de fechamento total, trancar tudo”, explica a pesquisadora Margareth Portela, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, que participou do relatório enviado ao MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) em que é recomendada a adoção urgente do lockdown no estado, disse em entrevista ao portal R7.

O lockdown é a “medida mais extrema que existe no quesito de confinamento”, define o advogado criminalista Leonardo Magalhães Avelar, do escritório Cascione.

Avelar esclarece que tanto a quarentena quanto o lockdown são determinados por atos formais do poder público. O lockdown exige decretos da Prefeitura, do governo estadual ou federal. Já a quarentena pode partir de autoridades menores, como um secretário de saúde.

Segundo ele, a adoção de medidas mais rígidas do que a quarentena mostra que a situação é muito grave. “O lockdown completo seria muito restritivo. Ninguém vai poder sair, exceto para situações muito importantes. É como estar preso em casa”, descreve.

QUANDO O LOCKDOWN É NCESSÁRIO?

A orientação da Fiocruz, feita com base em estudos científicos, tem como objetivo reduzir o ritmo de crescimento de casos e preparar o sistema de saúde para o atendimento adequado e com qualidade às pessoas acometidas com as formas graves da covid-19, diz o documento.

“A não adoção de medidas imediatas de lockdown pode levar a um período prolongado de escassez de leitos e insumos, com sofrimento e morte para milhares de cidadãos e famílias do estado do Rio de Janeiro”, alerta a instituição.

De acordo com Margareth, a implementação de medidas de restrição mais rígidas exige a análise dos seguintes aspectos: crescimento da epidemia, saturação dos serviços de saúde – falta de leitos de UTI e equipamentos – e barreiras para a sua ampliação, como já está acontecendo em Tupã.

O único hospital equipado para atender a demanda está saturado em equipamentos e pessoal, apesar do esforço das equipes de médicos, enfermeiros e auxiliares. Além disso, o principal Cemitério do município também já não tem mais condições de receber sepultamentos. Diversas famílias passaram por constrangimento com a falta de carneiras e ou sepulturas construídas em cima da hora.

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