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Como a eleição de 2018 se tornou uma das mais acirradas desde a redemocratização

Por Jovem Pan  07/10/2018 07h00

Pleito acontece neste domingo com os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad polarizando as intenções de voto
Pleito acontece neste domingo com os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad polarizando as intenções de voto

Discussões nas redes sociais. Manifestações nas ruas. Debates repletos de ataques na televisão. O processo eleitoral de 2018 pode ter deixado muita gente confusa, mas um ponto ficou claro: essa eleição é provavelmente uma das mais acirradas desde a nossa redemocratização – ou seja, desde 1989, quando Fernando Collor venceu Luiz Inácio Lula da Silva por 53,03% a 46,97% dos votos válidos. E o curioso é que após a disputa presidencial de 2014, dominada (mais uma vez) por PT e PSDB, boa parte da população havia criticado a polarização da política brasileira e tentado dar início a um movimento pela pluralidade. Como chegamos, então, nesse cenário?

O PT de Lula a Haddad

Os partidos e coligações puderam apresentar o pedido de registro de suas candidaturas até 15 de agosto, sendo que a Justiça teve até 17 de setembro para julgá-los. Antes disso, no dia 1°, veio o primeiro grande acontecimento do período. Como já era esperado, os ministros do TSE rejeitaram a candidatura de Lula, preso na sede da Polícia Federal em Curitiba pela Operação Lava Jato, fazendo com que o PT anunciasse dias depois Fernando Haddad como cabeça de chapa. A partir daí, o ex-prefeito de São Paulo começou, de fato, a aparecer como candidato nas propagandas eleitorais e nos debates. Manuela D’Ávila do PCdoB, parceiro histórico da legenda, foi escolhida como vice.

Acontece que o discurso de Lula como “preso político” e as críticas à maneira com que o juiz Sergio Moro conduziu o processo continuaram sendo o foco principal da campanha. A insistência na exaltação da figura do ex-presidente como um “inocente injustiçado” esteve, por exemplo, nas propagandas de rádio e televisão, na obtenção do parecer do Comitê de Direitos Humanos da ONU, nos contínuos pedidos de habeas corpus perante a Justiça e nas mais recentes tentativas de obter autorização do STF para dar entrevistas da prisão. E tudo serviu para inflamar cada vez mais a militância.

Ataque a Bolsonaro e internação

Outro momento crucial aconteceu em 6 de setembro. Foi nessa data que Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, levou uma facada na região do abdômen durante ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ele foi imediatamente levado à Santa Casa da cidade, onde passou por uma cirurgia de emergência, e depois foi transferido ao hospital Albert Einstein em São Paulo. A internação – que só chegou ao fim em 29 de setembro – deixou o candidato fora do processo. Ele não fez campanha de rua nem esteve nos debates.

De acordo com entrevista recente do presidente do Ibope Carlos Montenegro, o atentado “influenciou pouco” as intenções de voto dos principais institutos de pesquisa. “Eu acho que a facada não mudou o quadro eleitoral, acho que ninguém vai votar nele por causa da facada, a rejeição que tinha a ele continuou, até a manutenção do número (porcentual) dele por algum tempo mostra que não tirou votos nem cresceu”, disse.

Entre os apoiadores do candidato, porém, acabaram crescendo algumas posições mais extremas, como a de questionar as investigações da Polícia Federal e apontar o responsável pelo crime, Adélio Bispo de Oliveira, como mandatário de algum partido de esquerda. Mesmo não influenciando diretamente nas intenções de voto, então, o ataque pode ter influenciado na polarização.

Concorrentes estagnados (ou em queda)

Por fim, as campanhas que não decolaram dos outros presidenciáveis também podem ter uma parcela de responsabilidade nesse cenário. Já nas primeiras pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) formavam um segundo pelotão relativamente distante dos candidatos do PSL e do PT – o que continua acontecendo segundo os mais recentes levantamentos. O pedetista manteve um patamar próximo a 10% e o tucano seguiu com cerca de 8%, ambos oscilando eventualmente para mais e para menos. Já a presidenciável da Rede registrou a maior queda de todos: chegou a atingir 16% no início da campanha e caiu aos 4%.

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