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Juiz concede liminar e denúncia de propina derruba Nelsinho do cargo

DIÁRIO DE MARILIA – / Geral

O chefe de gabinete e secretário da Fazenda Nelson Granciéri, o Nelsinho, foi afastado pela Justiça dos cargos e está fora da prefeitura de Marília. A decisão é do juiz Valdeci Mendes de Oliveira, que deferiu pedido do Ministério Público que acusa o homem forte do governo de cobrar propina de empreiteiros.

Todo poderoso da administração, Nelsinho que é chefe de gabinete há sete anos não resistiu a mais um escândalo e deixa o governo Bulgareli/Toffoli debaixo de uma enxurrada de denúncias de corrupção.

A liminar que afasta Nelsinho dos cargos saiu no final da tarde de ontem. No texto o juiz afirma que “considerando documento bancário verifica-se inicialmente que há verossimilhança das alegações contidas na petição inicial sobre o recebimento, por parte dos requeridos, de vantagens econômicas indevidas e a título de comissão ou gratificação, tudo em razão dos cargos que ocupavam na prefeitura”.

Nelsinho e o assessor André Belizário são acusados de extorquir e cobrar propina de duas empresas: Califórnia Construções e Reformas Ltda e CJWD Construções Terraplanagem Ltda. O Assessor seria responsável por buscar o dinheiro.

Na decisão o juiz cita pelo menos três depósitos feitos em 2009 pelas empreiteiras na conta de Nelsinho e uma laranja. Um deles na Nossa Caixa no valor de R$ 13 mil para pagamento de materiais para construção.

Outro documento solicitado junto ao Banco do Brasil, anexo ao inquérito, indica movimentação da empresa Califórnia de agosto de 2009 a janeiro de 2010 em que aparece pelo menos uma transferência de R$30 mil.

De acordo com o apurado no inquérito as empresas venceram licitação para execução das obras nas escolas municipais Célio Corradi, Paulo Freire e Cecília Guelf em 2009.

Os empresários Waltencyr Santos Silveira, Sheferson Santos Silva e Valdecy Silveira confirmam a cobrança da propina nos depoimentos.

Nelsinho também prestou depoimento à promotoria e afirmou que a representação não era verdadeira. Acusou os empresários de terem recebido dinheiro de adversários políticos para fazer as acusações. Não colou.

Ontem no final da tarde o juiz determinou o afastamento imediato de Nelsinho de suas funções na prefeitura tirando de cena aquele que muitos consideravam o intocável do governo.

Ofereceu R$ 400 mil para fugir da ação

O pedido de afastamento preparado pela promotora Rita de Cássia Bergamo destaca ainda o delito de corrupção de testemunha. Segundo o inquérito Nelsinho teria oferecido R$ 400 mil para que empresário Waltencyr desistisse de fazer a denúncia ao Ministério Público. Ele rejeitou.

Ainda segundo as investigações, como não obteve sucesso e o empresário negou o acordo Nelsinho o ameaçou de morte.

Devido à gravidade do caso o MP então solicitou o afastamento de Nelsinho das funções públicas, para evitar possível dano à instrução processual e não colocar em risco o andamento do processo.

Ele tem dez dias para recorrer e vai tentar pedir revogação da liminar no TJ (Tribunal de Justiça).

Homem forte da administração, Nelsinho foi o coordenador financeiro da campanha que reelegeu Bulgareli prefeito com o vice Ticiano Toffoli, em 2008.

Justiça nega quebra de sigilo bancário e fiscal de casal

Além do afastamento, a ação civil pública o MP também pedia quebra do sigilo bancário e fiscal de Nelson Virgilio Granciéri e da sua esposa, o que foi rejeitado inicialmente pela Justiça.

Para a promotora Rita de Cássia Bérgamo a quebra do sigilo bancário do casal o procedimento é necessário tendo em vista as propinas pagas indevidamente pelos empresários. “Invoca-se, para tanto, o interesse público, em detrimento da garantia individual”, cita o relatório do MP.
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Na ação o MP pede ainda a perda da função pública, devolução do dinheiro obtido ilicitamente, cassação dos direitos políticos e proibição de contratar com o poder público ou dele receber benefícios ainda serão analisados pela Justiça.

PATRIMÔNIO

A evolução patrimonial do homem forte do governo Bulgareli/Toffoli também integra relatório do MP e apontam para possível caso de enriquecimento ilícito do secretário afastado.

O documento mostra os rendimentos anuais do servidor público desde 2000 a 2009. Os valores partiram de R$ 4,7mil para R$ 36 mil.

A ação cita ainda compra de um terreno localizado na Vila Romana pelo valor declarado R$ 140 mil, segundo o MP subestimado. O valor real do imóvel é de R$ 866,6 mil, dizem peritos.

O processo mostra ainda passo a passo os cargos ocupados por ele na administração desde 2001 e como seu patrimônio pode ser incompatível com os ganhos. Nelsinho começou como assistente de gerente da Emdurb ainda no governo de Camarinha. Em 2005 Bulgareli o nomeou chefe de gabinete. Em 2008 ele passou a acumular a função de Secretário da Fazenda.

José Ursílio antecipa notícia em blog

Mais uma vez foi através das páginas do Diário que a sociedade ficou sabendo ontem, com exclusividade, do pedido judicial de afastamento de Nelsinho da prefeitura, que acabou se concretizando. Nenhum outro veículo deu a notícia.

Jornalismo independente e sério, que rejeita ser chapa branca da prefeitura em troca de mídia paga, o Diário e as rádios Diário FM e Dirceu AM foram os primeiros a revelar o pedido do MP e o escândalo da propina no gabinete do prefeito Mário Bulgareli.

Na agilidade de bem informar o jornal perdeu apenas para o blog do jornalista José Ursílio, que através de sua página oficial na internet e redes sociais como Facebook anunciou quinta-feira exatamente às 19h34 que os veículos de comunicação trariam uma cobertura especial sobre o caso. “Mais uma vez o Diário e os veículos de comunicação que integram o grupo mostram porque são líderes na preferência do leitor e anunciantes dando a notícia com exclusividade, com isenção e sem rabo preso”, disse o diretor de marketing.

Para José Ursílio, a queda do principal secretário do governo Bulgareli/Toffoli mostra que continuam presentes na prefeitura os mesmos métodos suspeitos dos últimos 16 anos. “Essa é a maior decepção da cidade”, afirma o diretor do Diário.

Secretário nega denúncias

Nelsinho tentou se esquivar das acusações, disse que toda denúncia se tratava de uma armação política que era vítima de uma conspiração. Pela manhã, antes do afastamento definitivo, ele esteve ao vivo nas rádios Diário FM e Dirceu AM.

Negou tudo e afirmou que comprovaria sua inocência. Falou que sequer teve acesso ao inquérito, que desconhecia o teor denúncia. “Nem meu advogado conseguiu pegar o processo”, disse. Tudo balela.

O Diário teve acesso ao conteúdo do relatório final da promotora Rita de Cássia Bérgamo, que pediu o afastamento de Nelsinho. Nele, o próprio secretário aparece sendo ouvido e nega as acusações.

Ontem à tarde, durante um programa de televisão ele chegou a atacar o trabalho do MP e do Judiciário, insinuando que promotores e juízes de Marília estariam a serviço de seus adversários políticos.

Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre o caso nem informou quem assume os cargos.

3 respostas

  1. Tive o prazer de trabalhar com o Dr. Valdecir Mendes em Quatá-SP, no ano de 1992, época de eleição junto com o Dr. Márcio Krugner Prado, Promotor de Justiça. Tanto a Polícia Civil como a Polícia Militar tinha total apoio dessas duas Autoridades. Foram decisivos para o bom desenrolar da eleição de 1992, impedindo candidaturas nocivas aquela cidade. Juiz Honesto, sério, competente e que com educação todas as partes e os policiais. Parabens Dr. Valdecir Mendes, espero que a sua decisão seja mantida pelos órgãos superiores do Poder Judiciário.

  2. Há tempos Marília vem passando por problemas políticos e administrativos.

    O que tem de laranja dono de rádio, jornalistas ligados a políticos sujos… VIXE, É DE FEDER MARÍLIA.

    E assim a vida do povo de Marília segue. Um povo que não luta, não briga por nada e aceita tudo.

    Por isso essas coisas acontecem, pela pura inércia e ineficiência do Ministério Público.

    Triste.

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