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Guerino Seiscento: Luto oficial não significa feriado

O luto oficial é uma forma de manifestação de tristeza de uma nação pela morte de uma autoridade pública ou de algum cidadão do povo reconhecido pelos seus serviços prestados à comunidade, como no caso do fundador da empresa tupãense Guerino Seiscento.

O prefeito de Tupã, Ricardo Raymundo decretou luto oficial por três dias
O prefeito de Tupã, Ricardo Raymundo decretou luto oficial no município  por três dias
As repartições públicas hastearam a bandeira a meio mastro
As repartições públicas hastearam a bandeira a meio mastro

Quanto ao hasteamento da Bandeira Nacional, durante o período de luto, será a meio mastro em todas as repartições públicas que a decretou, seja ela na esfera municipal, estadual ou federal. Além disso, coloca-se um laço de crepe na ponta da lança se ela estiver sendo conduzida em alguma cerimônia, conforme matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em 31 de março de 2011.

Com o advento das redes sociais e a ampla divulgação sobre a morte do empresário fundador da empresa que leva seu nome – Guerino Seiscento, e a notícia da decretação de luto oficial no município, muitas dúvidas surgiram – questionamentos sobre o funcionamento de repartições públicas, entre outras.

“Exceto no caso do presidente da República – cujo luto é de 8 dias – os demais são de 3 dias. Mas o Decreto 70.274/72, que trata do assunto, diz que o luto oficial pode, em casos excepcionais, ser estendido por até sete dias, quando a pessoa que morreu prestou relevantes e notáveis serviços ao país. Mas há um detalhe interessante: o artigo 88 do Decreto determina que “no caso de falecimento de autoridades civis ou militares, o Governo poderá decretar as honras fúnebres a serem prestadas, não devendo o prazo de luto ultrapassar três dias”. Reparem que esse artigo se refere a autoridades. Autoridade é quem tem alguma forma de poder público formal, ou seja, dado pela lei. Um ex-presidente já não é uma autoridade. Embora não seja autoridades, é praxe o presidente decretar luto oficial quando uma figura pública – e não só uma autoridade pública – morre. É por isso que, vez por outra, vemos luto oficial para desportistas, líderes sociais etc”, cita a reportagem da Coluna Para Entender Direito.

NO PERNAMBUCO

A reportagem também lembrava que no município do estado de Pernambuco o “luto oficial” tem sido usado para suspender o atendimento à população. “Em Petrolândia, por absurdo, o instrumento que tem sido usado ultimamente para “homenagear” servidores públicos falecidos é a suspensão do atendimento à população, sem um decreto de feriado ou ponto facultativo que lastreie a interrupção dos serviços públicos. Por mais “abalados emocionalmente” que estejam os colegas de trabalho do falecido, o servidor público é uma extensão do poder que representa, tem deveres (muitos!) para o exercício de sua função e um deles é respeitar o princípio da impessoalidade. Isso significa que seus sentimentos e interesses particulares não devem sobrepor o interesse e a necessidade da coletividade a ser atendida. Luto ou luto oficial, fique bem claro portanto, não é feriado nem ponto facultativo, sem um decreto que determine o luto oficial e o feriado/ponto facultativo. Interromper os serviços públicos, nesses casos, é desrespeito não apenas à comunidade, mas também à memória do falecido que dedicou sua vida ao bom exercício de sua função pública.

Fonte: Folha de S. Paulo

BENFEITOR GUERINO SEISCENTO

Foto: Divulgação/litoralbus
Foto: Divulgação/litoralbus

O empresário Guerino Siescento morreu na madrugada desta sexta-feira, dia 17, em sua residência, aos 92 anos. O velório do empresário ocorre no Memorial Tamoios, e o sepultamento que estava marcado para a manhã de sábado, foi antecipado para as 17 horas desta sexta-feira no Cemitério São Pedro.

Guerino é considerado um dos pioneiros da história contemporânea dos transportes na região oeste Paulista.

Em 1946, no interior de São Paulo, um rapaz com então 20 anos de idade tinha sonhos típicos da juventude. Queria aumentar seus limites, ampliar as suas fronteiras.

Apesar da pouca idade, este jovem intrépido dava os seus primeiros passos na construção de um grande patrimônio dentro do setor de transporte coletivo de passageiros. Junto à Prefeitura, Guerino conseguia a 1ª linha de ônibus, ligando a cidade de Tupã até o bairro da Ponte Alta. Porém, Guerino Seiscento almejava mais, muito mais!

Com a ajuda de moradores, Guerino desmatou uma área e prolongou a linha inicialmente até o bairro Saltinho. Posteriormente, prolongou até a Barra do Coió, na barranca do rio Feio.

Até hoje, os moradores mais antigos têm na lembrança a imagem das velhas jardineiras Ford-38 percorrendo as estradas da região.

Jardineira

Guerino Seiscento começou cedo no ramo de transportes de passageiros. Aos 15 anos, ele já trabalhava como cobrador na empresa de seu pai, João Seiscento, na cidade de Marília.

Nascido em Itápolis no interior de São Paulo, Guerino mudou-se logo para Marília, onde seu pai montou uma sociedade em uma linha de ônibus, que ligava Marília a Bastos, e em outra que fazia o trajeto entre Quintana e Rancharia.

Era uma época em que o transporte rodoviário apenas engatinhava e o trem ainda era símbolo do progresso. Tão logo a estrada de ferro que ligava São Paulo a Quintana foi ampliada até Tupã, a família Seiscento sentiu que era hora de mudar. Deixaram Marília para trás e instalaram-se na promissora cidade de Tupã, de onde nunca mais sairiam.

Em Tupã, João e Guerino adquiriram um caminhão e começaram a comprar feijão e arroz no Paraná para vender em Tupã e cidades vizinhas.

Guerino, que já sabia qual seria sua vocação decidiu caminhar com seus próprios pés. Trabalhou como motorista na linha que ligava Tupã a Lucélia e, posteriormente, fez o percurso Tupã e Rinópolis.  Foi quando, aos 20 anos, sentiu a necessidade de criar o seu próprio negócio.

Os primeiros tempos foram árduos. Além da concorrência, Guerino era obrigado a abrir novas estradas na zona rural de Tupã, contando para isso com a ajuda de fazendeiros interessados.  Foi assim que abriu novos espaços em áreas até então desprovidas de transporte coletivo, caso dos bairros de Ponte Alta, Boa vista, São Martinho e Fazenda São João, chegando até mesmo à distante região de Santópolis.

Para conquistar novos passageiros, Guerino não media esforços para oferecer o melhor serviço possível. Certa vez, sua empresa enfrentava dificuldades ao disputar posição com uma companhia concorrente que possuía melhores ônibus. Sentindo que estava perdendo terreno, Guerino passou a visitar um por um os usuários da linha concorrente.

Na impossibilidade de renovar sua frota de apenas 3 carros, Guerino passou a oferecer um serviço diferenciado.  Se os usuários optassem por sua empresa, Guerino comprometia-se a lhes entregar gratuitamente alguma encomenda de que precisassem. Graças a essa diferença, Guerino conquistou novos passageiros e pode assim ampliar seus serviços. Em pouco tempo comprou a linha que fazia as cidades de Tupã até Lins.

Arrojado, Guerino Seiscento começou a atuar com mais firmeza pela região. Em 1958, não hesitou em abrir mão de sua própria casa e de seu automóvel particular para comprar uma linha que atuava nas cidades de Birigui e Araçatuba. Juntamente com a esposa Olga e os filhos deixou temporariamente Tupã e mudou-se para Santópolis, onde possuía uma garagem. Dois anos depois, com as dívidas saldadas, retornou a Tupã, comprando a mesma casa onde morava.

Para chegar ao ponto em que alcançou, Guerino Seiscento nunca poupou esforços em padrão de qualidade. Em 1958, a empresa tinha dez veículos movidos a gasolina. Assim que surgiram os motores a diesel, Guerino apressou-se em adquirir junto à concessionária Itatiaia os componentes necessários para a substituição imediata em seus ônibus.

Desde então, Guerino optou por trabalhar sempre com veículos zero quilômetro, filosofia esta que é mantida até hoje. Atualmente, a Guerino Seiscento Transportes conta com mais de 350 veículos operando nos segmentos interestadual, intermunicipal, urbano e suburbano.

Segundo o próprio DER/SP, a Guerino Seiscento transporte é a empresa que possuía frota com menor idade média operando transporte coletivo de passageiros, fato este que enche de orgulho não apenas o seu proprietário, bem como os quase quatrocentos funcionários que nela atuam.

Tal filosofia, costuma dizer Guerino, é uma resposta à gratidão do povo de Tupã e região, que sempre prestigiou a empresa, desde os tempos em que as velhas jardineiras percorriam as esburacadas estradas para alcançar a Capital.

Apesar de toda sua trajetória de sucesso, movida por muito suor e trabalho, Guerino, também sofreu pequenos e grandes acidentes de percurso, que só ocorrem com homens pioneiros, com homens de visão, que não medem esforços na consecução de seus sonhos. Por isso, Guerino jamais desanimou e prossegue, sempre, investindo na qualidade.

A Guerino Seiscento Transporte obteve um grande crescimento nos últimos anos, marcando forte presença em todos os segmentos do transporte de passageiros, principalmente em cidades de grande porte do norte do Paraná, como Londrina e Cornélio Procópio.

Além disso, expandiu suas atividades para o setor de agropecuária, café e seringais. E é com essa garra e perseverança que Guerino Seiscento, com a ajuda dos filhos, Irani, Márcia e João Carlos, levou adiante o seu projeto de estar sempre em busca de novos caminhos, tal como os primeiros bandeirantes de nossa história.

Fonte: Tupã Notícias

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